Foi realizado no CIEP 155 – Maria Joaquina de Oliveira, em Seropédica-RJ nos dias 4, 5, 11, 12 e 18 do mês de maio de 2017, o curso “Psicodrama Pedagógico – Um método aplicado à educação patrimonial” sob o tema: O rio Guandu como patrimônio ambiental e cultural de ontem e de hoje.
Este curso que teve duração de 40 horas é um dos produtos do Projeto “A Ocupação Humana da Bacia do Rio Guandu na Baixada Fluminense” patrocinado pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos-CEDAE através de incentivos fiscais federais, em cujo objeto consta, além da revisitação a sítios já registrados pelo IAB, a publicação de um livro bilíngue a respeito dos estudos e pesquisas acerca das ocupações culturais pré-históricas, de contato e aquelas desenvolvidas no período histórico (colonial ou atual) para a Bacia do Rio Guandu; a publicação de uma cartilha de Educação Patrimonial, divulgando o método do Psicodrama Pedagógico, acompanhada de uma mídia com um resumo do que foi a arqueologia e as práticas de educação patrimonial no decurso das pesquisas arqueológicas na Rodovia Arco Metropolitano (onde alguns sítios arqueológicos localizados estão inseridos na Bacia do Rio Guandu); um jogo da memória com desenhos infantis, de estudantes, criados durante as Oficinas que foram aplicadas nas duzentas e trinta quatro escolas das regiões impactadas pelo empreendimento, nas quais ocorreram atividades de conscientização de preservação de patrimônios.
O curso, que tinha como principais grupos a ser oferecido funcionários das Secretarias de Cultura dos municípios de Seropédica e Japeri, lideranças comunitárias e professores da rede pública destes municípios, também foi aberto para o público em geral interessado no assunto. A proposta foi tornar o maior número possível, entre os que se dispusessem a participar, multiplicadores de preservação do patrimônio natural e cultural por meio da educação patrimonial, utilizando como método o psicodrama pedagógico. Este busca sensibilizar os alcançados pela técnica a produzirem uma cadeia de consciência do que seja patrimônio (desde o baú da avó até a urna funerária do ancestral; desde salvar o cãozinho da enchente a impedir a depredação de prédio público) e promover, através dos sentimentos de carinho e cuidado com patrimônios pessoais (o baú/o cão), os mesmos em relação ao patrimônio público (a urna funerária/o prédio), buscando fazer compreender que aquele patrimônio público é tão importante para cada cidadão, por fazer parte da sua identidade cultural, como o baú da avó é para a própria pessoa, como elemento histórico, que faria parte da identidade da sua família.
Outra meta importante do curso era que essa conscientização alcançasse os realizadores do projeto Replantando Vida, em execução na Bacia do rio Guandu desde 2008, pela Cedae, que utiliza a mão de obra de detentos em regime semiaberto para realizar o replantio de matas ciliares nas Bacias dos rios Guandu e Macau. Segundo a Cedae já foram produzidas até hoje mais de dois milhões de mudas que vêm sendo plantadas pelos participantes do programa e através de parcerias com prefeituras e escolas. Pesquisas demonstram a ocupação humana destas Bacias por primeiras populações que ocuparam o território brasileiro e observou-se que essas ações, embora necessárias e de alto poder revitalizador para a proteção da própria Bacia do rio poderiam estar impactando o patrimônio cultural arqueológico por desconhecimento de sua presença nos solos revolvidos para o plantio. A parceria pretendeu que os trabalhadores ampliassem seus conhecimentos sobre a região onde trabalham e se tornassem multiplicadores do conhecimento adquirido. Para isso quatorze pessoas envolvidas com o projeto participaram ativamente do curso.
Deste modo, nos dias determinados a equipe do IAB já se encontrava bem cedinho na cidade de Seropédica para mais esta realização.
Objetivando otimizar ao máximo o tempo do curso, foi diariamente disponibilizado pela equipe do IAB uma espécie de coffee break permanente durante as aulas e dentro da própria sala. Este procedimento permitiu que os participantes fossem se mantendo alimentados enquanto desenvolviam as atividades sem que tivessem necessidade de sair à rua. A estratégia demonstrou sua eficácia.
Uma das medidas essenciais para o bom desempenho dos estudantes foi a distribuição da cartilha, que divulga o método, aos mesmos. Munidos dos conhecimentos nos quais se estruturam as bases do proposto, o desenvolvimento das diversas etapas fluiu com o vigor de quem sabe aonde quer chegar e as diretrizes a serem adotadas.
Os grupos participaram com entusiasmo, discutindo, questionando e realizando as etapas do método que são: aquecimento inespecífico, aquecimento específico, a dramatização e o compartilhamento.
No término do curso os integrantes, caracterizados como personagens idealizados por eles, atuaram via Teatro de Improviso no processo de ressignificação do objeto patrimonial, apresentando todas as etapas acima, demonstrando a compreensão da proposta, sob a coordenação geral da educadora patrimonial, idealizadora da Cartilha e do Curso, Jandira Neto.
Para este momento especial (a culminância) foram convidados o Diretor do CIEP que abrigou o curso, Sr. Mauro Fernandes dos Santos, a representante da Cedae, Sra. Ane Simões; também estiveram presentes os representantes da SEMED de Seropédica, Sr. José Maurício N.de Abreu da SEMED de Japeri, Sra. Débora Cristina A. da Silva e igualmente representadas escolas públicas municipais de N. Iguaçu, Seropédica, Japeri, Duque de Caxias e Itaguaí.
Após as belíssimas apresentações todos foram contemplados com o certificado de participação do curso.
Como artigo essencial, a palestra do Professor Ondemar Dias trouxe inúmeros esclarecimentos sobre as pesquisas arqueológicas realizadas na Bacia do rio Guandu, razão do livro “A Pré-História e História da Baixada Fluminense – A ocupação humana da Bacia do rio Guandu” (em breve disponível para aquisição aos interessados).
Também foi montada uma exposição com artefatos localizados nos sítios arqueológicos que se encontram dentro da Bacia do Rio Guandu, durante as pesquisas para as obras da Rodovia Arco Metropolitano do Rio de Janeiro. O público pode ver belas peças como um almofariz utilizado como moedor, singular dos povos Caçadores-coletores; urnas funerárias, machados e lascas de pedra, artefatos típicos dos povos das Sociedades Tribais e louças, garrafas de stoneware, cachimbos, entre outros, característicos da produção dos europeus e africanos.
Um semana depois, durante as celebrações do aniversário do CIEP que ocorreram no dia 26 de maio, o IAB foi convidado e encenou com a sua equipe, utilizando igualmente a técnica do Teatro do Improviso, a história do CIEP e sua importância para a formação dos cidadãos de Seropédica, com entusiasmada participação dos presentes.
Agradecemos à Cedae pelo aporte. Aos participantes dedicados do curso pela confiança em nosso trabalho. Aos Diretores do CIEP por nos ceder o espaço e a toda nossa equipe, tantos os que estiveram todo o tempo presentes e extremamente ciosos de suas responsabilidades, quanto a todos que na sede se dedicaram a organizar todo o material deslocado até o local para a execução de mais esta produção.
Texto: Antonia Neto
Fotos: William Cruz, Alessandro Silva, Thiago Silva, Cida Gomes, Flávio Cardoso e Antonia Neto