A arqueologia é o encontro entre passado, presente e futuro. Nosso trabalho é preservar a memória e resgatar histórias no presente para permitir que o futuro chegue sem que a riqueza cultural se perca. Assim como equilibramos tradição e desenvolvimento em cada escavação arqueológica, também refletimos e registramos as transformações tecnológicas ao nosso redor.
Estas imagens do IAB, geradas por Inteligência Artificial (ChatGPT) no estilo do Studio Ghibli – estúdio de animação japonês sediado em Koganei, Tóquio, e fundado em 1985 por Hayao Miyazaki, Isao Takahata, Toshio Suzuki e Yasuyoshi Tokuma –, são fruto dessa experimentação. Ao mesmo tempo, reconhecemos como válidas as discussões em torno do uso dessa tecnologia: o impacto sobre artistas, a ética da criação digital sem direitos autorais e as questões ambientais envolvidas. São debates importantes e, como instituição que preserva o passado para dar espaço ao futuro, acompanhamos essas mudanças com atenção e responsabilidade.
Nos últimos dias, as redes sociais foram tomadas por essas imagens. Porém o público se divide entre a crítica e a defesa da utilização. A Ministra de Igualdade Racial, Anielle Franco, publicou uma sequência de desenhos e se viu obrigada a apagar e se retratar após aceitação ruim de seus seguidores. Já um dos perfis mais renomados na área de desenho caricatura, do profissional André Lemos, se posicionou de maneira a mostrar que talvez esse movimento atraia mais olhares para o trabalho dos profissionais que trabalham com ilustração e desenho.
Mas, o fato é que a humanidade sempre esteve – e ainda está – em constante evolução. Adaptações foram necessárias para sobrevivermos às intempéries deste planeta. Atualmente, vivemos a evolução tecnológica e não sabemos onde chegaremos. Mas, entre a memória, a tradição e a inovação, seguimos fazendo o que sempre fizemos: olhar para trás para entender o amanhã.
Por isso, apesar das discussões e da polarização de opiniões, o fascínio da população por essas imagens pode estar ligado à antiga relação do ser humano com o ato de desenhar, que remonta aos tempos pré-históricos. Desde as primeiras manifestações artísticas – as pinturas rupestres – há um impulso natural em representar a realidade por meio de traços e figuras. Ao incluirmos a imagem de uma pintura rupestre na Trend, procuramos destacar essa continuidade no desejo de expressão visual, que atravessa gerações e se renova com o avanço tecnológico.