Por Ondemar Dias – Arqueólogo
Em um outro resumo sobre Macaé, abordamos os primeiros tempos da ocupação humana do território, com ênfase nas pesquisas arqueológicas e de Educação Patrimonial desenvolvidas pelo Instituto de Arqueologia Brasileira no seu território. Este texto somente o complementa sumarizando outros conhecimentos a respeito da evolução histórica do Município do século XVIII ao XX.
Destaque-se que mesmo antes de ser elevado à Categoria de Vila no início do século XIX, a região conhecera já um surto inicial de desenvolvimento, ocorrido durante o século anterior em especial pela instalação dos engenhos de açúcar, as fazendas de criação de gado e de produtos alimentícios, além também das fábricas de anil, como aquela que foi descoberta pelas pesquisas do IAB (o Sítio Angelito, citado naquele texto).
O fato é que, por volta das décadas finais dos anos mil e setecentos o seu porto (de Imbitiba) prosperou por centralizar a produção de pescado, açúcar e aguardente, além de feijão, farinha e outros itens de toda a região do Norte e Nordeste fluminense, até Campos dos Goitacazes, de onde eram embarcados para a Capital do Vice-reino na cidade do Rio de Janeiro.
Durante o Século XIX a urbanização do município cresceu a ponto de a vila ser elevada à categoria da cidade em 1846. A maior fase de prosperidade seria conhecida neste mesmo século quando o seu porto chegou a ser considerado um dos cinco mais importantes do nosso pais. Sobretudo porque, após 17 anos de construção, foi concluído em 1861 o Canal ligando a cidade de Campos à de Macaé, servindo também as localidades intermediárias, hoje municípios de Carapebus e Quissamã.
O progresso da cidade provocou fossem criadas por iniciativa particular algumas ferrovias locais, como aquela do Barão de Araruama e a Urbana de Macaé, até que em 1874 foi inaugurado o primeiro trecho da ferrovia “Campos-Macaé”, ligando Macaé (na localidade de Imbetiba) a Carapebus e no ano seguinte o trecho final até Campos. Mais tarde esta ferrovia incorporaria o trecho Niterói a Rio Bonito da Estrada Ferro-carril Nirteroiense e a Estrada de Fero Santo Antônio de Pádua, finalmente sendo, por sua vez, incorporada pela Estrada de Ferro Leopoldina em 1888. Esta ligação ferroviária provocou a decadência do porto marítimo de Imbitiba e o abandono do Canal Campos-Macaé.
Em função de todas estas mudanças a região entraria em declínio, sobretudo porque apesar da Estrada de Ferro Leopoldina ter operado até 1975 e a Rede Ferroviária Federal, que a incorporou até 1996, o transporte ferroviário foi sendo substituído pelas rodovias e a produção dos gêneros que garantiam a riqueza da área se concentrou sobretudo na indústria açucareira (açúcar e álcool) de Campos dos Goitacazes, ainda que em Carapebus, por exemplo, as usinas operassem por grande parte do século passado.
Macaé prosseguiu sendo uma cidade importante durante o século passado, não só pela produção comercial local que persistiu ao longo das décadas, como pelo fato de abrigar instalações militares e ter se constituído num ponto de atração turística pela riqueza do seu meio ambiente, em especial suas praias até que a descoberta das jazidas profundas de petróleo no seu litoral, em 1974 e a instalação da Petrobrás, marcou uma nova fase em sua história.