Educação Patrimonial do Projeto de Prospecção Arqueológica em área para a sede da Reserva Ecológica Estadual da Juatinga

 

Se a pesquisa de campo de 2011 no terreno próximo ao sítio resultou em muitos poucos dados de interesse arqueológico a não ser por confirmar que na área não restam evidências sobre a existência de vestígios do sítio arqueológico existente em suas proximidades – como pode ser verificado pelo Projeto de Pesquisas Interventivas – as práticas relativas à educação patrimonial, gestão de patrimônio e divulgação da importância do sítio Complexo das Ruínas do Engenho de Paraty Mirim constituíram-se elementos de fundamental importância para o futuro de projetos pertinentes a esse patrimônio.

Uma reabordagem correspondente à verificação do estado de preservação daquele conjunto arquitetônico foi então prevista como parte integrante deste Projeto de Prospecção, mas frente à situação conflituosa pré-existente na região tendo como foco justamente aquele Parque, tornou-se imperioso dirigir as atividades e energias disponíveis naquela direção. O objetivo era buscar evidenciar a importância do sítio Complexo das Ruínas do Engenho de Paraty Mirim e buscar algum consenso dos grupos de interesse em torno deste.

Em 2011 o problema das disputas girava em torno da ocupação das terras ao redor do parque arqueológico; das diversas pretensões dos diversos atores sociais de também diversas origens e do uso atual e futuro daquele espaço para atender a seus interesses.

Ainda que esses conflitos jazessem latentes desde a primeira oportunidade em que ali atuamos, nada se caracterizara, ainda, com a potência energética por nós encontrada em 2014.

Os problemas se encontravam mais configurados agora do que em 2011. Em outubro de 2014 quando visitamos o local buscando conhecer o espaço para melhor preparar a logística do Projeto agora em execução, o quadro tenso se configurou já na visita preliminar em companhia do representante do INEA e do IPHAN, quando visitamos o local e renovamos os contatos com o Sr. Jesus Pinto, principal posseiro da localidade.

Frente ao volume de energia belicosa, o projeto original de Educação Patrimonial gradualmente foi se tornando distanciado da realidade. Dele emergiu então um novo modelo que ao ser posto em ação mostrou-se válido e provocou resultados iniciais encorajadores. A ideia era estabelecer novas bases para a discussão do problema através da Educação Patrimonial, englobando a diversidade de posições em torno de uma causa ou ideal comum. Por exemplo: quem pretendia cuidar da gestão do sítio arqueológico que se encontra em estado de arruinamento? IPHAN? ICMBio? INEA? Comunidades? Prefeitura?

Impedimentos de acesso ao local da pesquisa, pousada e pessoal para trabalhar no campo nos colocaram um desafio ainda maior para, através da educação patrimonial, amenizar os sentimentos reativos à construção da sede no terreno ocupado pelo posseiro, Sr. Jesus Pinto.

Chegando ao local das escavações e onde se daria o diálogo com os moradores da comunidade através da educação patrimonial soubemos que (por três vezes e em dias consecutivos) estava impedida a entrada da equipe, desautorizando a Portaria do Iphan que determinava a pesquisa.

Depois de diversas ações e uma vez resolvida a questão legal para acesso ao sítio, a equipe contratada no local foi treinada para as atividades de campo e participou de oficina de Educação Patrimonial como processo obrigatório do IAB  para todos os seus funcionários.

Assim sendo colocamos em prática outras possibilidades para fazer acontecer a Educação Patrimonial.

Iniciamos nossas atividades realizando uma visita à escola local  convidando a Professora Delma para levar os alunos para conhecerem o sítio. Estando de acordo disse depender da autorização da Secretaria de Educação de Paraty. Sentimos não termos podido conscientizar os estudantes a importância do belíssimo patrimônio, pois não compareceram na data prevista nem nos dias subsequentes até o final do Projeto.

Com banners focalizando o Complexo das Ruínas do Engenho de Paraty Mirim e demais recursos educativos organizamos a montagem da Educação Patrimonial no local mesmo das escavações. No caso foram disponibilizadas duas coleções de material; uma resgatada no sítio escavado e a outra sem procedência oriunda do acervo da oficina de EP do IAB. O material encontrado no Sítio do Jesus, não foi considerado arqueológico.

As coleções foram apresentadas no modelo de Oficina denominada “Peneiras de Ciência”. Estas propunham o manuseio do material de modo a ser “sentido” pelo visitante objetivando o “contato direto” com o objeto e sua consequente ressignificação

Na composição desta oficina foram acrescentados cinco banners relativos a plantas e imagens do sítio Complexo das Ruínas do Engenho de Paraty Mirim.

O intuito foi relacionar a pesquisa atual com a pesquisa anterior realizado no sítio supracitado. Como já vinha sendo evidenciado o material resgatado é constituído de lixo comum e aterro, de forma que o local não se caracteriza como sítio arqueológico.

Divulgadas entre os moradores que tínhamos acesso, iniciamos as atividades com os visitantes que se aproximaram do sítio, os quais recebiam as devidas orientações sobre a exposição em banners e do material localizado no sítio, assim como da outra peneira com material arqueológico, representando a evolução genética e cultural do povo brasileiro.

Também a Oficina “Retratos do Passado” fez sucesso entre adultos e crianças que gostaram da ideia de se imaginarem como antigos moradores do engenho de Paraty Mirim.

Os visitantes também foram convidados a visitar as escavações.

As Oficinas permaneceram funcionando até o último dia das pesquisas de campo, com a visita de moradores e turistas.

Neste período tivemos uma ótima reunião com o Iphan, a Prefeitura e o Inea para tentarmos definir rumos para a restauração e preservação do sítio Complexo de Ruínas de Paraty Mirim. Nada ainda definido, mas com boas ideias amadurecendo.