Em 2013 o morador do bairro de Marechal Hermes (localizado no subúrbio do Rio de Janeiro), Marcos Veiga, conhecido por suas atividades culturais na região, recebeu em suas mãos dois exemplares históricos que acrescentariam em muito no que ele mais gosta de fazer, pesquisar a história do bairro onde mora.
Os exemplares do início do século XX, que mais parecem dois cadernos no tamanho das antigas enciclopédias, lhes foram entregues por uma antiga moradora do bairro, Dona Olga. Esta descobriu os documentos quando estava organizando e limpando os pertences do seu falecido esposo, Sr. Sérgio Rocha; eles se encontravam repletos de mofo e a Dona Olga antes de jogar no lixo achou melhor mostrá-los ao seu amigo.
“…quando Dona Olga achou esses cadernos os mesmos estavam com muito mofo e ela iria jogar no lixo, mas antes me mostrou; fiquei maravilhado com o material e ela pediu que eu ficasse com eles, então aceitei; estavam muito sujos e úmidos, resolvi então levar para um amigo que tem uma gráfica para tentar restaurar. Ele aceitou a missão e conseguimos recuperar este valioso acervo. Aqui está um pouco do resgate da nossa História…” diz Marcos Veiga.
No antigo sobrado de Dona Olga construído numa das principais vias do bairro, morou o primeiro administrador da Vila Proletária Marechal Hermes, o jornalista Antônio Augusto Pinto Machado, criador dos exemplares. Tal acervo foi entregue ao Sr. Sérgio Rocha através da filha e do genro de Pinto Machado, que eram seus amigos e vizinhos e guardados sem que seus familiares soubessem até o seu falecimento.
Os dois exemplares são grandes e em seus conteúdos estão colados inúmeros artigos de jornais publicados entre 1913 e 1921, a maioria escrita pelo próprio jornalista Pinto Machado, além de fotos. Boa parte dos artigos remetem sobre as vilas proletárias da época, especialmente a de Marechal Hermes, com vários relatos sobre a sua fundação e seus primeiros anos.
Fundado em 1913, Marechal Hermes foi o primeiro bairro planejado para a classe operária no Brasil e possui atualmente a maior Área de Proteção do Ambiente Cultural (APAC) da Zona Norte do Rio de Janeiro. Tal reconhecimento foi feito pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH) no ano de 2013.
Os documentos, além de fontes de pesquisa para os interessados sobre a história do bairro de Marechal, é também importante acervo para aqueles que pesquisam sobre o crescimento do subúrbio carioca e o surgimento da mídia impressa na região no início do século XX. Os “cadernos” também possuem artigos que relatam reuniões e eventos da época em outros bairros como Anchieta, Ricardo de Albuquerque, Bangu e Madureira.
Quer saber mais e ter acesso a alguns artigos destes exemplares? Mande um e-mail para:
iab@arqueologia-iab.com.br
Articulista: Diego Lacerda