Miguel de Cervantes – Sítio arqueológico “Residência” abrigava peças com imagens de Dom Quixote

Notícias recentes divulgaram pesquisas a respeito da possível descoberta efetuada por arqueólogos do esqueleto do célebre escritor espanhol Miguel de Cervantes. Seu corpo foi enterrado em 1616 em uma igreja posteriormente destruída para construção do Convento de Santo Antonio, das irmãs Trinitárias, no centro da cidade de Madri.

Seu famoso livro, a respeito do “cavaleiro da triste figura”, Dom Quixote e seu escudeiro, Sancho Pança é uma das peças literárias mais famosas do renascimento. Nele são, com humor, criticadas as sobrevivências dos ideais cavalheirescos da idade média.

Entre as peças descobertas no sítio arqueológico “Residência”, parte integrante das terras do antigo Engenho Nossa Senhora da Vitória, estabelecido pela neta de um dos conquistadores do Rio de Janeiro (Antonio de Mariz), que o recebeu por herança da sua mãe, ao findar o século XVI e que só teve seu fogo morto em 1730, figuram duas imagens de bronze. Estas que deviam fazer parte de um adereço, provavelmente uma pulseira e um pingente, trazem estampadas duas imagens. Uma (parte de uma pulseira) com Sancho Pança a cavalo em um campo florido e outra (um pingente ou medalha) um rosto com barba e bigodes em ponta, que tanto pode ser da figura idealizada do Dom Quixote, quanto do próprio Miguel de Cervantes. A primeira com 5 centímetros de comprimento a segunda com três centímetros de largura. Abaixo, reprodução das mesmas, como singela homenagem ao autor.

É possível que as peças tenham possuído algum tipo de revestimento que desapareceu com o tempo, restando somente a base metálica (*).

O engenho Nossa Senhora da Vitória foi substituído por volta de 1750 pelo engenho do “Calundu”, erguido nas suas proximidades e que preservou até o século passado o nome da pequena divindade angolana, senhora do mau humor, hoje Vila Santa Teresa, em Belford Roxo (sede do IAB).

(*) Acervo Instituto de Arqueologia Brasileira

Comparação de Imagens – Foto em preto e branco publicada na Folha de São Paulo, do dia 18 de março (página E6-Ilustrada) noticiando a descoberta. À direita o medalhão. Embora com pequenas diferenças, os pontos de semelhança são grandes, destacando o rosto longo, sua posição e a do olhar, a testa alta, a forma do nariz e da orelha e, sobretudo, o bigode e o cavanhaque em ponta. Sem dúvida, o mesmo retratado.

Abaixo, fotos divulgadas pela Internet a respeito da descoberta.

Pesquisadores examinando a ossada (Foto da internet) A mesma foto do jornal, colorida.