Por Ondemar Dias – Arqueólogo
O Sambaqui é um tipo de sítio arqueológico, caracterizado por ser um acúmulo de material conchífero, depositado em camadas superpostas, de mistura com sedimentos diversos, sobretudo compostos por argila, areia e restos orgânicos. Apresenta dimensões variadas, podendo atingir alturas superiores a vinte metros, alongando-se em alguns casos por dezenas de metros e preservando no seu interior evidências da presença humana, como artefatos, marcas de antigas fogueiras, estruturas alimentares, como restos ósseos de animais terrestres, marinhos e fluviais, assim como locais de sepultamentos e de habitação.
Este sítio ocorre em especial no litoral atlântico, desde o Rio Grande do Sul até a região sudeste e atingindo o litoral da Bahia. Após uma interrupção volta a aparecer no litoral do Pará. São conhecidos também sambaquis à beira dos lagos, tanto do litoral quanto do interior, assim como nas margens dos rios, tendo sido já pesquisados ao longo dos principais rios amazônicos.
Seu volume tanto em número quanto constitutivo é maior no Sul do país, decrescendo na região sudeste, onde raramente atinge mais do que 5 metros de altura, volume que medeia basicamente aqueles que foram pesquisados daí para o Norte e Amazônia. Quanto à antiguidade o mais arcaico chega a mais de 6.000 anos no litoral de Camboínhas no Rio de Janeiro e o mais recente, até hoje pesquisado, foi datado como habitado no Século XVII, na Ilha de Santana, em Macaé.
Originalmente considerado como de formação pela ocupação sucessiva dos habitantes que nele moravam, hoje há uma grande tendência a creditá-los como construções conscientes dos indígenas pré-históricos, destinados sobretudo para sepultamentos, sendo, portanto, um local de culto. Mas a maioria dos pesquisadores ainda defende que também se tratam de locais de habitação sistemática. Mas há também a forte possibilidade de que sambaquis de ambas procedências tenham existido ao correr dos tempos.
O seu acervo arqueológico é rico e variado, executado em pedra, osso e concha sendo que a grande maioria daqueles situados no litoral Sul e Sudeste não apresenta cerâmica, o que contrasta com aqueles existentes da Bahia à Amazônia onde o acervo cerâmico vem sendo recolhido e demonstra grande antiguidade.
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