Programa de Pesquisas Arqueológicas, de Educação Patrimonial, Levantamento do Patrimônio Cultural Imaterial e Estudos de Elementos de Arquitetura Histórica na Estrada RJ-149 – Rio Claro-Mangaratiba – Estrada do Imperador – Parte V

Educação Patrimonial

As ações socioeducativas tiveram como público-alvo os moradores das comunidades da área do entorno da rodovia; as equipes de arqueologia contratadas exclusivamente para o projeto; as equipes da empresa construtora e os alunos de escolas dos municípios de Mangaratiba e de Rio Claro. Ainda foi realizado um curso de monitores para os professores e orientadores pedagógicos da rede de ensino de ambos os municípios.

As ações foram realizadas de duas formas específicas: a primeira etapa consistiu no desenvolvimento de campanha informativa sobre Educação Patrimonial, tendo como destinatárias as comunidades de Mangaratiba, Serra do Piloto e usuários da RJ-149. A segunda foi desenvolvida com funcionários diretamente envolvidos na pesquisa de campo (membros do Instituto de Arqueologia Brasileira) e, em momento posterior, foi realizada com os funcionários da empresa responsável pela execução das obras de pavimentação da estrada.

Na terceira etapa foi realizada a aplicação do curso de monitores em Educação Patrimonial a fim de executar a quarta etapa, que consiste com as ações socioeducativas aplicadas por esses novos monitores aos alunos das escolas dos dois municípios afetados pela obra. Toda essa última etapa foi aplicada com o acompanhamento dos profissionais do IAB.

A Metodologia

O IPHAN define Educação Patrimonial, no manual de atividades práticas desta atividade, como o processo permanente e sistemático de trabalho educativo, que tem como ponto de partida e objeto central o Patrimônio Cultural com todas as suas manifestações. Partindo deste princípio as atividades do projeto de Educação Patrimonial da RJ-149 desenvolvidas pelo Instituto de Arqueologia Brasileira (lAB), além dos métodos convencionais utiliza a metodologia do Psicodrama Pedagógico para permitir que os resultados dessas ações obtenham melhor aproveitamento através da aplicação de diversas técnicas especificas do Psicodrama. Nessa forma de abordagem, o sujeito se apropria da informação através da possibilidade de experienciar sensorialmente o objeto patrimonial pelo contato direto com o mesmo. É dito a ele abertamente do que se trata, e que ele deve experimentar descobrir de modo pessoal o que o artefato/objeto patrimonial pode vir a significar para ele no futuro. O que fica após o experimento é então registrado.

Parte-se da premissa de que educar patrimonialmente é ajudar a descobrir dentro de si conexões na memória e na identidade do sujeito de modo a que lhe possibilite descobrir tudo o que possa vir a lhe ser importante e significativo a ponto de sensibilizá-lo a preservar o bem patrimonial para o futuro.

A base fundamental da Educação Patrimonial, neste caso, consiste em levar o indivíduo ao contato sensorial através de seus sentidos com o objeto patrimonial, a priorí do discurso formal.

O Método Psicodramático, oriundo da teoria socioeconômica de Jacob Levy Moreno, e adaptada por Neto (2006), consiste na aplicação de técnicas psicodramáticas diversas (geralmente criadas especificamente para o projeto), tomando-se por base as quatro etapas fundamentais do método. São elas: aquecimento inespecífico, aquecimento específico, dramatização e compartilhamento. Durante estas etapas os participantes, orientados pelos especialistas, são inseridos na temática cultural, recebendo e transmitindo informações de extrema importância para os resultados.

A etapa de aquecimento inespecífico tem por objetivo mobilizar a energia vital e a espontaneidade natural do participante para que este obtenha um melhor aproveitamento durante o processo.

A etapa de aquecimento específico  apresenta o tema proposto de forma clara e objetiva ao sujeito, preparando-o de modo que este seja prontamente assimilado pelo participante.

Na etapa de dramatização acontece o contato direto do sujeito com o objeto. É o momento em que o participante pode interagir com o objeto/tema de forma experimental, aproveitando todas as suas percepções, podendo compreender e escolher absorver ou não este “encontro” como significativo.

A etapa de compartilhamento é o ápice do processo. É quando o sujeito, após ter ressignificado o objeto patrimonial, compartilha com o “outro” o que ficou “daquilo”. Em outras palavras,  acontece a troca de informações e percepções do que foi vivenciado durante o processo e a ressignificação do objeto patrimonial apresentado.

Execução das atividades

Campanha Informativa de Educação Patrimonial

Esta ação foi elaborada objetivando minimizar a tensão e acalmar os ânimos de alguns moradores que estavam incomodados com a demora das obras no trecho da Serra do Piloto. Eles acreditavam que a pesquisa arqueológica seria um impedimento para a continuidade dos trabalhos.

Esta ação contemplou a comunicação com o público alvo através de panfletos distribuídos em pontos estratégicos, com informações sobre a pesquisa arqueológica realizada na região e esclarecimentos sobre as atividades a usuários da via.

Com o intuito de esclarecer tais dúvidas a equipe de Educação Patrimonial desenvolveu e confeccionou placas informativas e disponibilizou 5.000 unidades de panfletos com informações sobre a cultura e a história da região, mais especificamente da Estrada Imperial, os quais foram distribuídos em pontos estratégicos como: áreas de sítios em pesquisa ao longo da estrada, especialmente nas áreas do Mirante e do Bebedouro da Barreira);em escolas da Serra do Piloto e de Mangaratiba (Praia do Saco) e nas associações de bairros.

Como resultado a equipe de arqueologia obteve um maior apoio dos moradores da localidade, os principais usuários da estrada, e esses, de certa forma, se sensibilizaram sobre a importância histórica da via e da pesquisa arqueológica na região. Havendo, inclusive, a divulgação das atividades em mídia espontânea na revista de circulação regional denominada Rota verde, de Mangaratiba.

Distribuição de panfletos Capa da Revista

Ações socioeducativas com funcionários

a) Educação Patrimonial com equipe de campo

A segunda ação de Educação Patrimonial foi realizada com os trabalhadores da equipe de campo de arqueologia contratados pelo IAB na região de Mangaratiba. Esta etapa é essencial para o desenvolvimento das atividades de pesquisa pois, com isto, obtém-se o nivelamento dos conhecimentos básicos sobre cultura e arqueologia do grupo, despertando o interesse destes pelas atividades, promovendo assim a sensibilização para preservação dos bens culturais da região. O resultado, de uma forma geral, é a transformação de auxiliares de serviços gerais em auxiliares de campo em arqueologia, multiplicadores de preservação do Patrimônio Cultural Arqueológico local.

Sequência das ações

Após o café da manhã oferecido pelo IAB, a equipe de Educação Patrimonial iniciou as atividades com os funcionários de campo, na casa, base das operações do IAB, em Mangaratiba. Esta ação foi direcionada com aplicação do método do Psicodrama Pedagógico. No total, foram 12 participantes entre arqueólogos, auxiliares técnicos e de campo, orientados pelo educador patrimonial, Antonio de Souza. 

As etapas foram desenvolvidas na prática da seguinte maneira:

Aquecimento Inespecífico

Nesta etapa, os novos funcionários participaram da técnica de auto-apresentação individual, e o que acreditavam ser arqueologia  objetivando medir o nível de conhecimento sobre o tema, antes da participação destes nas demais atividades de Educação Patrimonial. Em seguida, como parte do processo, foi iniciada uma atividade de arranque físico com a finalidade de mobilizar a energia vital e descontrair os participantes para as demais atividades. Para isso foi aplicada uma brincadeira infantil denominada andar de trem com movimentos orientados pelo educador patrimonial. Ao final desta atividade todos estavam energizados e prontos para os próximos passos.

Aquecimento específico

Nesta etapa os participantes foram estimulados a definirem conceitos como: patrimônio cultural, preservação, arqueologia, entre outros. Na sequência assistiram a uma palestra sobre a formação cultural do povo brasileiro, destacando as contribuições das várias etnias através da mostra de cartazes, sobre a importância de se fazer pesquisas arqueológicas deste tipo, bem como sobre a metodologia aplicada pelo IAB nos trabalhos de campo.

Dramatização

A etapa de dramatização tem a proposta, como já dito anteriormente, de levar o participante ao contato direto com o objeto. Para tanto, utilizou-se uma oficina experimental denominada Peneiras de Ciências, que tem por base a Técnica do Espelho, onde os participantes têm a chance de manusear os materiais arqueológicos, sendo estimulados a se reconhecerem culturalmente nos artefatos. Quando o sujeito percebe que aquele objeto é parte de sua historia cultural (étnica, genética, cultural, social) desenvolve-se um ponto crítico, ocasionando progresso importante na compreensão de si mesmo e de sua responsabilidade com o bem patrimonial. Este momento objetiva sensibilizar os participantes sobre a importância de se resgatar os fragmentos arqueológicos durante a pesquisa.

Nesta oficina, foram apresentados aos participantes fragmentos arqueológicos e etnográficos semelhantes aos originais que possivelmente serão resgatados nos sítios a serem pesquisados, como: líticos, cerâmicos, louça, vidro, metal e malacológico. Ao manusear esses materiais surgem as naturais perguntas sobre suas possíveis origens e outras curiosidades. 

Compartilhamento

Na etapa de compartilhamento os participantes depõem sobre o desenvolvimento das atividades e o que eles aprenderam de novo durante o processo, bem como as suas percepções e emoções experimentadas durante o contato com o objeto, apoiados com material gráfico sobre arqueologia que lhe são entregues a seguir. 

Nesta ação todos os depoimentos dos participantes foram positivos e, segundo eles, bastante esclarecedores, com destaque para o funcionário Leonardo Alves que disse – “Agora que descobri importância das coisas antigas daqui que também são minhasvou ajudar preservar ainda mais”. É exatamente este o objetivo da educação patrimonial: aliar a premissa “conhecer para preservar” à sensação de pertencimento do bem patrimonial.

b) Educação patrimonial com funcionários da empresa contratada para a realização das obras

Foi realizada a ação de Educação Patrimonial com funcionários da empresa Delta Construções e de suas subcontratadas. As atividades foram orientadas de acordo com a metodologia do Psicodrama Pedagógico, descrito anteriormente nas ações com funcionários da equipe de arqueologia. o objetivo principal desta ação foi esclarecer o público alvo sobre as atividades de pesquisa que estão sendo desenvolvidas na região e informar sobre a necessidade da preservação dos bens culturais locais, já que a maioria dos participantes é morador da região de Mangaratiba e Rio Claro.Ao todo participaram 22 funcionários.

Sequência das ações

Aquecimento Inespecífico

Aqui foi utilizada a mesma técnica anterior. A “batata-quente”, a auto-apresentação e sobre o que acreditavam ser arqueologia. Com um público heterogêneo – engenheiros, técnicos, motoristas e serventes da empreiteira – os comentários foram bastante diversificados e até certo ponto surpreendentes, sugerindo obviamente uma facilitação na conscientização do que propúnhamos.

Aquecimento específico

Nesta etapa realizou-se palestra sobre o povoamento pré-histórico e histórico da região da Costa Verde. Esse momento contou com a participação especial da historiadora Mirian Bondim, funcionária da Secretaria de Cultura de Mangaratiba. Profunda conhecedora da história local, Miriam emocionou os participantes ao falar sobre a história do município de Mangaratiba, dos métodos construtivos da Estrada Imperial (hoje, RJ-149) e sobre a concepção que se tem hoje sobre a mesma. 

Ainda durante a palestra, o arqueólogo Divino de Oliveira ressaltou a importância dos serviços prestados naquela construção em sua maioria realizada por mão de obra escrava.

A palestra proferida a seguir, pelo educador patrimonial, discutiu conceitos importantes sobre cultura e patrimônio, segundo referências apresentadas pelo Iphan, levando em consideração as ideias apresentadas pelo grupo e utilizando material ilustrativo sobre a ocupação da região costeira do Rio de Janeiro pelas várias etnias no seu processo formativo.

Dramatização

Pelo desconhecimento em relação ao material arqueológico, que em geral ocorre nestes grupos de trabalho, também aqui a escolha da atividade recaiu sobre a técnica já empregada com auxiliares de campo. A oficina Peneiras de Ciências permitiu aos participantes manusear e reconhecer como seu o patrimônio ali representado. Ainda como parte deste processo, os participantes foram levados, em visita guiada, ao sítio arqueológico Ruínas do Saco de Cima, onde puderam observar, de perto, os detalhes das estruturas e suas argamassas impregnadas com conchas de crustáceos, tão ao gosto da época de sua construção.

Compartilhamento

Para finalizar as atividades, o educador patrimonial Antonio Souza, desenvolveu com o grupo a etapa de compartilhamento.Todos puderam falar sobre suas percepções e sobre o novo aprendizado. Ficaram comentários interessantes, tais como:

  • O visível o espanto de alguns participantes quanto à dificuldade de se executar os trabalhos para erigir as estruturas;
  • A observação sobre a precisão de detalhes das pedras trabalhadas em cantaria;
  • O reconhecimento da necessidade de se fazer pesquisas arqueológicas em empreendimentos;
  • Da necessidade de se fazer trabalhos e obras como estas em parcerias com os órgãos de tutela, empreendedores, funcionários das empreiteiras e equipes de arqueologia.

Após todos falarem o trabalho foi reforçado com a distribuição de material gráfico sobre o tema arqueologia, mais especificamente sobre a Estrada Imperial RJ-149.

Curso de Monitores

Nas primeiras semanas a equipe de Educação Patrimonial contatou os representantes das Secretarias Municipais diretamente ligados a projetos deste cunho onde os quais prontamente atenderam providenciando a divulgação e pré-inscrições dos pretensos participantes no curso.

Em Mangaratiba o contato foi realizado com a coordenadora de projetos da secretaria de educação Sra. Monalisa Fouyer.

Em Rio Claro, a equipe foi recebida pela Secretária de Educação Sra. Mara Lúcia, que também se mostrou bastante interessada no projeto, providenciando a divulgação de imediato.

Como o tema principal seria a Estrada Imperial, atual RJ-149, que faz a ligação entre os dois municípios através da Serra do Piloto, o ponto de aplicação das atividades sugerido foi o CAlCA (Centro de Assistência a Criança e ao Adolescente), órgão da Secretaria de Ação Social de Mangaratiba, localizado no alto da Serra do Piloto, às margens da Estrada Imperial.

A região conhecida como Serra do Piloto tem moradores oriundos de Rio Claro e seus limites abrangem terras dos dois municípios. A sugestão para o encontro dos profissionais neste espaço objetivou a facilitação do intercâmbio cultural.

Em contato com a Secretaria de Ação Social, a equipe foi recebida pela Senhora Alice Carvalho, coordenadora do CAlCA, que generosamente concordou em ceder o espaço para a realização das atividades.

1 – Divulgação

Para realizar a divulgação, foram providenciados materiais gráficos (cartazes e proposta de trabalho) distribuídos nas secretarias de educação, escolas particulares, representantes da construtora Delta e enviados convites a representantes do DER, como parceiros do projeto.

Com público voltado para profissionais da rede de ensino foram convidados a participar desta etapa do processo de Educação Patrimonial, preferencialmente, profissionais das redes pública e privada dos dois municípios abarcados pelo empreendimento, já que um dos resultados previstos seria a execução de projetos nas escolas utilizando a metodologia apreendida na quarta etapa.

Execução das atividades

A ação socioeducativa aconteceu nos dias 20 e 21 de março de 2012 nas instalações do CAlCA, no horário de 8 às 17h, com alimentação oferecida pelo IAB aos participantes.

Dia 20 – primeiro dia

O público que se inscreveu para o curso era composto de professores da rede de ensino público e privada de Mangaratiba e Rio Claro, funcionários do CAlCA e representantes do DER, ao qual foi apresentado o cronograma pela ministradora do curso, Jandira Neto, e que, na ação seguinte, o levou a participar da primeira etapa do método psicodramático na prática: o Aquecimento Inespecífico que são jogos psicodramáticos de aquecimento. 

Já aquecidos os participantes assistiram à palestra sobre arqueologia brasileira, com o Dr. Ondemar Dias, arqueólogo e coordenador geral do Programa de Arqueologia. Neste momento foram discutidos, entre outros assuntos, a etimologia arqueológica, os métodos arqueológicos e o porquê daquela pesquisa, sendo distribuídos materiais gráficos de apoio e textos, tanto sobre o tema abordado quanto o de Educação Patrimonial 

A oficina Peneiras de Ciências serviu mais uma vez de aporte onde os participantes puderam conhecer e manusear vários artefatos arqueológicos, de origem indeterminada e próprios para este fim, verificando seus detalhes, despertando  entre os participantes o desejo de visitar um sítio arqueológico em pesquisa. 

Psicodrama Pedagógico

Na etapa seguinte os participantes foram estimulados a criarem jogos para Aquecimento Inespecífico, aplicando os princípios aprendidos no primeiro momento do curso.

Na etapa de Aquecimento Específico, os participantes foram incentivados a criarem,com o uso de objetos diversos (cordas e bambolês), o traçado da Estrada do Imperador e seus patrimônios, usando a imaginação e lembranças destes pontos (ver fotos 378 e 379). Com esta atividade, foram formados grupos de trabalho que, posteriormente, produziram textos sobre o patrimônio, referenciados a partir de seus conhecimentos prévios. 

Para este momento, foi utilizada uma adaptação da técnica psicodramática denominada de Retramatização para trabalhar a questão do patrimônio. Os textos produzidos pelos grupos foram sendo trocados e completados pelos demais ampliando as informações destes.

Após esta atividade os grupos apresentaram seus textos sobre o patrimônio edificado às margens da Estrada do Imperador (RJ-149), no trecho de Mangaratiba, que foram complementados pela plateia e demais conhecedores do assunto. Os patrimônios foram: as Ruínas do Saco de Cima, o Mirante, o Bebedouro da Barreira, a Cachoeira dos escravos, a Ponte da Benguela, a “Biquinha” da Benguela, a Estrada do Atalho e o Cemitério dos Escravos. 

No Compartilhamento foi apresentada a ideia de criação de um blog para discutir assuntos relacionados à Educação Patrimonial, e informado que os textos produzidos seriam publicados neste. Foi sugerido também que os participantes complementassem as informações com pesquisas em casa e trouxessem no dia seguinte.

Dia 21 – segundo dia

As atividades iniciaram-se, como sempre, com o método utilizado pelo IAB: o “aquecimento inespecífico”, tonificando e despertando/estimulando para a recepção das novas propostas.

A seguir foi dada continuidade a apresentação dos patrimônios, desta vez do trecho da estrada pertencente a Rio Claro: as Ruínas da Serra do Piloto, Ruínas de São João Marcos, o Sítio Antiga Fábrica de Tecidos e o Sítio dos Fornos. Após a apresentação foram discutidos detalhes sobre a criação do Blog. 

3 – Criação do Blog

A ideia de criação de um blog sobre Educação Patrimonial para divulgar os patrimônios locais foi levada ao público pela professora Jandira Neto e discutida por todos. Embora a maioria tenha concordado e tenha sido criado não foi levado adiante após o término das pesquisas. http://eprj149.blogspot.com/p/colunistas.html  

Duas palestras, proferidas pelos educadores patrimoniais Jandira Neto e Antonio Souza, discorreram sobre conceitos de Patrimônio Cultural, Natural e Imaterial; e sobre o método do Psicodrama Pedagógico, abordando sua origem, técnicas e utilização em sala de aula pelos professores. 

4 – Propostas de atividades para os alunos

Foi proposta a prática de montagem de jogos psicodramáticos aplicados a questões patrimoniais. Os participantes tiveram por tarefa a responsabilidade de criarem, naquele momento, as atividades que seriam desenvolvidas com os alunos na próxima etapa do projeto, destacando a logística e a aplicação do método recém- aprendido.

Entre as propostas comuns foi a de levar os estudantes em passeios guiados aos sítios arqueológicos listados acima, com oficinas de contação de histórias e outras atividades lúdicas nos locais.

Visita ao sítio arqueológico

Os participantes foram conduzidos a uma visita ao sítio arqueológico, denominado Antiga Fábrica de Tecidos, localizado no município de Rio Claro, guiada pelo arqueólogo Divino de Oliveira responsável pela pesquisa de campo, e receberam informações sobre o sítio arqueológico, como se comportar em áreas deste tipo e noções sobre metodologias da pesquisa de campo em arqueologia. Foi possível, inclusive, observar o trabalho dos profissionais em ação e registrar o momento da descoberta de artefatos. 

5 – Apresentação das propostas de trabalho

Após a visita ao sítio, os participantes apresentaram as propostas de trabalho que realizariam com os alunos na próxima etapa do projeto de Educação Patrimonial, com a dramatização da apresentação por um dos grupos. Este grupo programou uma visita às Ruínas do Saco de Mangaratiba com crianças com idade aproximada de 3 anos. Neste processo elas irão utilizar uma dinâmica chamada Tapete de Histórias, com uso de marionetes, contação de histórias e visita às estruturas dos antigos prédios da vila. A apresentação foi comentada pelos participantes e bastante elogiada.

6 – Etapa de Compartilhamento

A quarta etapa do método psicodramático ocorreu após a apresentação de todas as atividades. Nela os participantes puderam falar sobre o curso em depoimentos bastante significativos para a equipe de Educação Patrimonial.

 Depoimentos:

“Eu já conhecia trabalho teórico “no papel’: mas presenciar forma como ele é aplicado é completamente diferente. Sinceramente vocês estão de parabéns. Eu não tinha noção de que era desta forma. Acredito que retomo das crianças vai ser maravilhoso.” Camila Leal – DER.

“As colocações e os termos pra nós professores é novidade  Os jogos dramáticos etc., foram “uma mão na roda” para fazer com que trabalho fosse desenvolvido da melhor maneira possível. Vou pegar isso com unhas dentes aplicar na minha escola, com certeza.” Prof. Jose Miguel- E M Antonio C. Portugal – Serra do Piloto.

“Nem vimos as horas passarem, os palestrantes souberam conduzir sem tomar processo cansativo, foi muito bom.” Professora Maria Aparecida – SME Mangaratiba.

“Uma coisa eu quero chamar atenção. De tudo que foi dito trabalhado eu acho que tomar cada professor que esteve aqui autor construtor do conhecimento foi maior riqueza que eles podem ter deixado pra gente …, que essa educação patrimonial não fique só para esses dois dias sim pra toda uma história.” Professora Carina de Araujo – E M Coronel M da Silva – Mangaratiba.

“Ao meu ver houve uma junção de conhecimentos, independente da matéria que cada professor leciona …, é um trabalho riquíssimo que me levou muito além de fazer conhecer lugares que eu nunca tinha ouvido falar. Foi muito importante.” Professor Cristiano Pereira – E M Dr. Luiz Dantas – Rio Claro.

Educação Patrimonial para os alunos de escolas afetadas pela obra, nos Municípios de Mangaratiba e Rio Claro cuja programação foi decidida pelos docentes que participaram do Curso para Monitores em Educação Patrimonial com a supervisão da equipe do IAB.

 Educação Patrimonial com alunos da Escola Diogo Martins 

 Educação Patrimonial com alunos da Creche 

Neste processo as crianças visitaram o prédio do teatro e ouviram histórias à sombra das árvores existentes no local.

 Educação Patrimonial com alunos da Escola Municipal Nossa Senhora das Graças.

Os estudantes do oitavo e nono ano da Escola Municipal Nossa Senhora das Graças, uma das maiores da região, localizada no distrito de Muriqui em Mangaratiba, participaram das atividades de Educação Patrimonial. A Professora Denise Pereira sugeriu uma visita guiada aos patrimônios, que foi prontamente aceita por todos. O roteiro de visita teve o apoio da equipe de EP do IAB e passou por vários sítios arqueológicos pesquisados pelo IAB sendo realizado com duas turmas da escola no período de dois dias. No roteiro estavam: as Ruínas do Saco de Cima; o Sítio Estrada do Atalho e sua construção em forma de pé-de-moleque;o Mirante; o Bebedouro da Barreira; a Cachoeira dos Escravos e o Parque Ambiental e Arqueológico de São João Marcos.

Demais escolas participantes

Além das escolas citadas acima, outras três do município de Mangaratiba que tiveram profissionais participantes do curso de monitores também realizaram atividades de visita ao Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos. São elas: Escola Municipal Oliveira Belo, Escola Municipal. Glauber dos Santos Borges e Escola Municipal Cordélia Josefina de Magalhães Pahl.

5 – Material de devolução – Blog de Educação Patrimonial

Ainda neste período foi entregue pela equipe IAB à professora Carina Mendes – eleita na ocasião do curso de monitores como responsável pela atualização do blog – a senha para que este possa ser atualizado com notícias enviadas pelos professores da rede.

6 – Considerações

Inicialmente a equipe do IAB tinha a preocupação com a rejeição por parte dos moradores da Serra do Piloto em relação ao trabalho de arqueologia associado a obra em questão, uma vez que haviam críticas constantes por parte destes em relação as atividades de arqueologia. Desta forma, executou-se a primeira etapa do projeto de Educação Patrimonial, Campanha Informativa, com o objetivo principal de esclarecer o público alvo sobre a pesquisa arqueológica. Neste sentido, as ações confluíram para o cumprimento desta meta. Desta forma a  maioria, este deixou de ser adversária para ser parceira da equipe de arqueologia.

As atividades desenvolvidas com os funcionários que fariam parte efetivamente da obra ou da pesquisa arqueológica, com esse treinamento os funcionários aprenderam técnicas e metodologias específicas, permitindo-Ihes um maior conhecimento sobre a atividade a desempenhar e também conhecedores conscientes da área onde moram, tornando-os não só mão-de-obra treinada, mas agentes multiplicadores diretos e qualificados, bem como cidadãos com sentimentos de pertencimento ao patrimônio público local.

O esclarecimento sobre as atividades arqueológicas junto aos funcionários das empreiteiras formalizou uma parceria importante para a realização da pesquisa, pois estes, além de divulgarem os trabalhos, puderam nos trazer informações importantes sobre artefatos elou possíveis sítios arqueológicos, como ocorrido também em outros projetos realizados pelo IAB.

Em relação às atividades desenvolvidas com os alunos da rede escolar, registrou-se cerca de 250 alunos participantes do projeto, no entanto, apesar deste número, a Secretaria de Educação de Mangaratiba nos informou que no mês de agosto de 2012, de acordo com o calendário escolar estipulado, todas as escolas da rede iriam realizar atividades de educação patrimonial para os alunos.

No entanto, vale ressaltar que consideramos como um dos resultados mais importante deste projeto a grande valorização dada ao método, por parte dos participantes do curso, com destaque para os profissionais da Escola Diogo Martins. Estes atualmente têm incluído a metodologia do Psicodrama Pedagógico em algumas de suas tarefas diárias junto a professores e alunos. O comprometimento desses profissionais com o Ensino Fundamental é exemplar, pois não medem esforços na tarefa de sempre buscar novos meios de facilitar o processo de ensino e aprendizagem para seus alunos.

Finalizando, informamos que a crença do IAB consiste na consciência de que somos responsáveis por sensibilizar pessoas através do ato de conhecer para preservar. Esta é uma preocupação constante em nossos projetos: não levamos informações prontas aos nossos participantes e sim, de acordo com os conceitos do método do Psicodrama Pedagógico de Jacob Levy Moreno, resgatamos de dentro deles seu verdadeiro patrimônio.