Por Ondemar Dias – Arqueólogo
I –Introdução
A área onde hoje se localiza o Município de Macaé é daquelas que possui um dos mais ricos patrimônios históricos e arqueológicos do Estado do Rio de Janeiro, além de ser detentora, também, de uma extensa e variada cultura imaterial. É pretensão deste texto somente sintetizar aquilo que se pode destacar como seus traços mais peculiares e de maior interesse.
Sua história recua às primeiras tentativas de ocupação colonial do território fluminense, quando foi integrado à Capitania de São Tomé, doada a Pero de Góis por volta de 1548 e se estendia do Rio Itabapoana (limites do Espírito Santo) ao rio Macaé. Tratava-se, no entanto, de uma área ocupada por tribos de ferozes defensoras da terra, os temíveis indígenas goitacás, senhores da extensa planície que se estende das praias do litoral ao vale do Rio Paraíba. Sua presença e combatividade dificultaram tanto as tentativas de colonização que levaram o filho do donatário a desistir da posse da Capitania, em 1619.
Mas embora a introdução daqueles antigos senhores da terra no registro histórico se fizesse em meados do Século XVI, sua vigorosa presença é atestada pela arqueologia há pelo menos desde dois ou três mil anos antes. Eles somente seriam aldeados pelos europeus adiantado o século XVII, ainda que algumas tribos permanecessem livres pelas terras mais interioranas até as reduções finais em pleno século XIX. Esta é uma das áreas em que o contato inter-étnico pode ser melhor documentado por mais tempo, seja pelos documentos dos cronistas viajantes, seja pelas pesquisas históricas e arqueológicas desenvolvidas na região, cujos resultados sumarizamos adiante.
A crônica da ocupação colonial do território prossegue com a presença de colonizadores saídos do Rio de Janeiro, os famosos “Sete Capitães” que nos deixaram um interessante “roteiro” descrevendo sua aventura. Ainda que alguns pesquisadores considerem o texto apócrifo (falso, por ter sido escrito em época posterior aos fatos), sem dúvida quem o redigiu conhecia bem a região e se trata de uma narrativa viva e real. A verdade é que com o aldeamento dos indígenas e a instalação dos jesuítas em 1630, cuja sesmaria se estendia do Rio Macaé ao Rio das Ostras, a colonização progrediu com a instalação de dois engenhos (em Macaé e em Imbirassica).
Naquele período histórico a unidade do governo colonial que tratava diretamente com a população, juntava os aspectos religiosos e os administrativos, mais do que o Senado da Câmara, eram as Freguesias. A de Macaé foi estabelecida em 1765 e se estendia entre Campos e Cabo Frio. Alguns anos depois já haviam se localizado na área cerca de cinco fazendas ao terminar o século. Ainda que conhecendo avanços na ocupação o arraial de Macaé se manteve ligado a Campos até 1813, quando foi elevado a Vila, sob a denominação de São João de Macaé. O município cresceu em população e poder econômico sobretudo a partir do século XX e em 1950 se estendia por um território de 2055 quilômetros quadrados, incluindo, então, áreas posteriormente emancipadas, como Conceição de Macabu (1953), Carapebus (1994/5) e Rocha Leão (2003).
Conheça um pouco mais sobre os sítios arqueológicos encontrados em Macaé (RJ) baixado o arquivo em PDF:
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