A 11ª Primavera dos Museus floresceu nos Novos Caminhos do IAB!

Anualmente o Instituto Brasileiro de Museus-IBRAM promove a ação Primavera dos Museus. Este ano de 2017 comemorou-se a 11ª e nessa edição mais de 900 instituições em todo o país ofereceram ao público cerca de 2.500 atividades especiais sob o tema “O Museu e suas Memórias”.

O Instituto de Arqueologia Brasileira-IAB participou pela terceira vez, das quais na primeira, em 2013, em sua 7ª edição – Memória e Cultura Afro-brasileira – apoiou a instituição Afoxé Raízes Africanas numa parceria, apresentando a Oficina “Peneiras de Ciências” cujo evento foi realizado na Casa de Cultura de Belford Roxo.  Na segunda vez durante a 9ª edição  – Museus e Memórias Indígenas – promoveu em sua própria sede, desenvolvendo diversas oficinas, durante quatro dias, para estudantes das escolas do entorno do Instituto, alcançando um público de mais de 400 visitantes tendo inclusive sido noticiado pela TV NBR do Governo Federal e do Programa “Hora do Brasil”; e neste ano de 2017, nos dias 21 e 22 de setembro, comemorou, numa ação conjunta com quatro escolas públicas do bairro, a 11ª edição – O Museu e suas Memórias – sob o conteúdo “Minha Casa tem Memória” voltado para o histórico do bairro, das próprias escolas e dos moradores.

Cerca de um mês antes já se iniciavam os trabalhos como reuniões com as diretoras das escolas, as quais as diretrizes eram apresentadas e abertas a novas ideias. Foram criados questionários para serem distribuídos aos alunos e convites aos pais para participarem do evento tanto para contarem suas histórias desde a chegada dos seus familiares no bairro, quanto para ouvirem e conhecerem melhor seus vizinhos e o próprio IAB, e depois de recolhidos utensílios, fotos, equipamentos e documentos e tudo o mais que remontasse ao passado das instituições e famílias foi organizado o evento com a dedicação das professoras, dos alunos e o apoio logístico do IAB que disponibilizou todos os recursos que se fizeram necessários nas profícuas parcerias que resultaram em desdobramentos surpreendentes, pós-evento, da relação do IAB com a Comunidade.

Assim às 09:00h do dia 21 de setembro de 2017 foram abertos os trabalhos com a chegada dos primeiros alunos e moradores. Como de praxe a primeira atividade que é desenvolvida é o aquecimento inespecífico que são movimentos físicos realizados em grupo com o propósito de “liberar a espontaneidade do sujeito”.

 

À medida que chegavam as várias turmas das quatro escolas da rede pública de ensino, professores e demais participantes passavam pelo processo e deste modo, aquecidos e descontraídos dirigiam-se para encontrarem-se com o próprio passado que lhes sorria especialmente através de fotos de suas tenras infâncias e ali, naqueles espaços, eram acolhidos pelas doces lembranças.

Todos buscavam, nas exposições das fotos, ávidos pelos antigos registros das escolas, ansiosos por se reverem crianças em trajes escolares. O prazer era visível quando se reconheciam ou a alguém próximo. Foi assim durante os dois dias do evento.

O que foi mais especial é que pela primeira vez as próprias escolas trouxeram suas ideias, seu material, sua mão de obra, seus representantes para organizar e apresentarem o seu histórico, valorizando sobremaneira a aproximação com o público o qual se identificava já que as mesmas faziam parte da história particular de cada um.

   

Foi idelizado um banner com o mapa do bairro que logo despertava o interesse e que foi, sobretudo, bastante valorizado pelas crianças que, reconhecendo geográficamente o espaço se animavam para localizar a sua residência  “tia eu moro aqui perto da creche”, ah, tia, eu moro muiiito looonge”… Um momento muito especial foi quando um deles apontou no mapa e disse“tia, eu moro aqui”, e lhe foi perguntado: É?! Sabe quem também já morou aí? Os índios! A carinha de espanto simbolizada pela boquinha aberta. Demais! Impagável!

Para os bem pequeninos a maior alegria era reviver a memória dos nossos ancestrais os antigos habitantes das cavernas pois, deixando-se docilmente conduzirem-se pelos monitores o sorriso já brotava quando diante de si a tinta os convidava para reproduzirem a singela linguagem dos pintores rupestres.

       

 Momentos ímpares os faziam parecer passarinhos em vibrante dia de primavera. O som da alegria infantil se fazia ouvir pelas diversas áreas destinadas ao evento.

Os utensílios enormes como chaleiras, bacias, espremedores de batatas e equipamentos antigos como mimeógrafos e máquinas de escrever os encantavam. Nem podiam imaginar que existissem coisas assim…

Outros, munidos de pazinhas e baldezinhos, escavavam o mini sítio arqueológico e podia-se sentir o mesmo sentimento de triunfo quando do encontro de um arqueólogo profissional com um valioso artefato no campo: O achei! retumbante das nossas pequenas “arqueólogas” e pequenos “arqueólogos”por certo também era comemorado pela árvore a qual abriga o mini sítio…

Em outro espaço o momento já era compartilhado pelos maiorzinhos que, na área dedicada às memórias do IAB, se viam no telão, nas fotos, arquivos de eventos anteriores quando ainda eram bem pequeninos. Muito atentos à passagem das fotos buscavam a si mesmos e uns aos outros, e o som do “olha lá eu! olha lá você! olha fulano!” ecoava, a cada turminha que vibrava diante das recentes memórias, sim, mas importante momento da própria história que já consta como documento dos anais do Instituto.

Os pais e estudantes do ensino médio eram convidados a desfrutarem das histórias de moradores mais antigos do bairro. O Professor Ondemar Dias (Diretor-Presidente do IAB) cuja família chegou ao bairro há mais de setenta anos pôs ênfase aos aspectos infantis da sua história, à criação do IAB e ao nascimento do CIEP 217 (próximo ao IAB) e, como todo bom historiador não deixou de fazer um breve levantamento histórico da área “peço desculpas por não trazer um trabalho mais elaborado pois cheguei ontem depois de dez dias fora do Rio“. Nem precisava do pedido de desculpas a essência do que trouxe satisfez a todos, sempre com o apoio da Jandira Neto (sua esposa e Diretora da Instituição); “Tia Nazário” 83 anos, a querida e dedicada professora de várias gerações das quais muitos já adultos ali se encontravam, diretora da Creche Municipal Casa da Criança por vinte e cinco anos e hoje, recém aposentada, também contribuiu no resgate das memórias coletivas sendo ouvida respeitosa e carinhosamente pelos presentes, onde as lembranças fizeram brotar lágrimas e sorrisos.

A Exposição “O Índio no Recôncavo da Guanabara” apresenta a evolução dos primeiros habitantes – no Rio – desde os sambaquieiros até o encontro com os colonizadores e foi um dos espaços bastante visitados que atraía especialmente os estudantes do Ensino Médio.

Ouvimos algumas opiniões sobre a realização do evento:

“Acho importantíssimo esse tipo de ação para valorização da nossa comunidade, resgate da identidade e o estreitamento do laço com as outras instituições”. (Patrícia Cândido – atual Diretora da C. M. Casa da Criança Santa Tereza, em substituição à “Tia Nazário”).

Para Márcia da Rosa Marcelino, Diretora da C.M. Recanto Feliz “essas ações abrem a mente dos nossos alunos e mostramos que nosso Santa Tereza tem futuro e tem cultura; que são das nossas escolas que saem os pesquisadores curumins do IAB; que daqui de Santa Tereza saem arqueólogos profissionais para o Brasil. Então é essa a nossa luta: mostrar que temos Educação em Santa Tereza. Eu não me canso de trabalhar, junto com os pais, professores e o IAB, pela Comunidade!”

Suelen Ribeiro dos Santos, estagiária pedagoga do C.E. Santa Tereza apoia a ação “porque acredito que levando a cultura para os jovens de Santa Tereza está se fazendo um trabalho de inclusão que basta eles acreditarem que a realidade deles pode ser diferente do que eles pensam e fazendo o trabalho junto com o Instituto conseguimos mostrar para a Comunidade que há educação, há cultura dentro do próprio bairro!”

Para Sueli Pádua (monitora da C.M. Casa da Criança Santa Tereza) é importante “para as crianças começarem a valorizar os estudos e podermos mostrar para eles que não tem só violência. Tem muita coisa boa!”

Tayná do R. Pires (mãe de aluno): “acho bom para reviver tempos antigos. Será que tem alguma foto antiga minha aí?”

Cida A.B. da Silva (mãe de aluno): “acho bom demais para as crianças. Tô achando maravilhoso!”

Andressa Neves, estudante,16 anos: “Estou gostando muito de conhecer a história do nosso bairro!”

“É sempre como eu falo: a História ajuda a ter conhecimento até mesmo para a Vida! Além disso é uma coisa boa que acontece em nosso bairro”, diz Jhennifer de Jesus, estudante, 20 anos, que gostou tanto do evento que à tarde trouxe vários colegas seus para participarem.

“Achei importante participar para adquirir conhecimento sobre o nosso bairro e também pela possibilidade de desenvolvimento da Comunidade” é a opinião de Kevillyn da Costa, estudante, 18 anos.

Andrezza Silva, 20 anos “Nunca tinha estado aqui! Amei! Foi muito bom, porque a gente conheceu a história de Santa Tereza! ”

“Faz dois anos que moro nos condomínios e não conhecia aqui! Muito bom! (Patrícia R. Santos)

Diferente da Patrícia, Francislene Lamin, 24 anos, mãe de aluna diz: “sou nascida e criada aqui; filha do fundador da antiga Associação de Moradores Sítio Real. Acho que o IAB pode trabalhar no sentido de incluir os novos moradores dos condomínios. ”

Bem, ao que parece já começamos o trabalho de inclusão dos novos moradores porque a Cleide Evangelista, 42 anos, mãe de aluno diz: “Achei muito bom prá gente aprender mais! Faz três anos que moro nos condomínios e nem sabia que o IAB existia. Estou adorando!”

Por fim, dando voz aos nossos queridos pesquisadores curumins o que ouvimos centralmente foi que gostaram muito de participarem ativamente dos trabalhos por estarem mais confiantes que das primeiras vezes, além de terem valorizado muito a interação das escolas com o IAB e o tema “Minha Casa tem Memória” que segundo o Daniel Lima “é um tema incomum, já que estamos mais acostumados com eventos ligados ao meio ambiente e coisas desse tipo.”

Ao final das ações cada participante recebeu um kit contendo o portfólio do IAB, um bloquinho de anotações, uma caneta e um lanchinho. Uma forma encontrada pelo IAB para estar em cada lar, buscando semear nos corações dos nossos vizinhos a lembrança de que a nossa Instituição deseja conectar-se de forma efetiva com a sua comunidade para juntos transformarmos o nosso bairro em orgulho da nossa cidade, por isso mais uma vez agradecemos à Caixa Econômica Federal o apoio fundamental, através da Caixa Cultural, que nos permite estreitar de forma mais frequente os laços com todos, tanto com os que aqui já chegaram há algum tempo quanto com os demais que, por razão da construção dos condomínios do Programa Minha Casa Minha Vida, entre outras, estão mais próximos de nós.

       

Em meio às atividades fomos surpreendidos pela visita do Diretor de obras da Secretaria Municipal de Obras da Prefeitura de Belford Roxo, acompanhado de dois colegas engenheiros. “Fui convidado pelo amigo e achei o Instituto maravilhoso! Superou em muito as minhas expectativas!” diz o Sr. Wilson Moraes da Silva – engenheiro civil, após um tour pela instituição.

Esta visita nos trouxe mais uma vez a esperança de cuidados do poder público com as ruas no entorno do IAB – após nossas queixas, desta vez ao Diretor -, as quais são tomadas pelas valas negras dos esgotos que correm a céu aberto e que, por exigirem mão de obra especializada, nos impossibilitam ações corretivas as quais costumamos praticar em outros casos nessa mesma linha. Continuamos acreditando que nossa comunidade será atendida nessa simplória reivindicação diante da imensa capacidade de realização da Prefeitura, por isso agradecemos antecipadamente a atenção.

Queremos também registrar a presença do Diretor Social da nossa Instituição, Professor Gênesis P. Torres que, embora com saúde debilitada, esforçou-se para estar presente contribuindo com importantes observações durante o compartilhamento das experiências vivenciadas pelas equipes participantes.

Agradecemos imensamente as parcerias com as instituições de ensino cujos docentes nos acolheram de braços abertos para esta extraordinária realização.

Agradecemos aos estudantes, aos seus pais e demais membros da Comunidade que atenderam ao nosso convite corroborando para um positivo e legítimo estreitamento de laços.

 

Agradecemos aos amigos do IAB, José Neto, Luzinete Knupp, Danielle Almeida e Thiago Silva que prestaram uma enorme contribuição nas várias frentes de desenvolvimento das atividades.

Agradecemos igualmente a nossa equipe que mais uma vez, além de não se furtar às responsabilidades, como sempre, permaneceu coesa e determinada a fazer deste, mais um evento de sucesso, incluindo a ajuda inestimável dos nossos pesquisadores curumins de ambos os turnos.

Diretor-Presidente: Ondemar Dias

Coordenadoria Geral: Jandira Neto e William Cruz

Texto: Antonia Neto

Fotos e Filmagens: Diego Lacerda, Antonia Neto, Sérgio Serva, Thiago Silva e Alessandro da Silva

Equipe: Diego Lacerda – Soledade Neto – William Cruz – Antonia Neto – Cida Gomes –  Sérgio Serva – Alessandro Silva – Geovani Dionísio – Aldeci dos Santos – Marcos dos Santos – Anselmo dos Santos e Marilda Souza. 

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