Arqueologia em Paracatu


Arqueologia em Paracatu é marcada com evento especial na Casa de Cultura

Denominado Culminância do Programa de Arqueologia do AHE Batalha, o evento, organizado pelo Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB) e apoiado pelos parceiros Furnas Centrais Elétricas S.A, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e pela Prefeitura Municipal de Paracatu, aconteceu nesta terça-feira (01/12/2009), na Casa de Cultura de Paracatu, com grande estilo e ampla participação de toda a sociedade local, inclusive representantes de comunidades quilombolas, autoridades diversas e empresários.

A recepção aconteceu com um delicioso café da manhã à moda da casa (com pão de queijo, chá e café) e então foi aberta a Culminância do Programa com as palavras do Diretor-Presidente do IAB, o Prof.º Drº. Ondemar Dias, que discorreu sobre a trajetória do Instituto ao longo de mais de 41 anos de atuação nacional e internacional, destacando a Instituição como a primeira a efetuar a arqueologia de salvamento no Brasil, a exemplo da cidade Parati, no Rio de Janeiro, em 1968. 

Logo em seguida, pronunciou-se o Gerente de Furnas, Sr. Rinaldo Marques, que destacou a importância da Empresa patrocinar o programa em que foram desenvolvidas atividades em Arqueologia, Educação Patrimonial e Estudos de Patrimônio Imaterial no AHE Batalha (Aproveitamento Hidrelétrico de Batalha – antiga Fazenda Batalha, em Paracatu).

A gerente de projetos do IAB, Sra. Jandira Neto, deu sequência ao evento, destacando Furnas Centrais Elétricas como cliente do Instituto e como tal, proporcionador de benefícios para a cidade de Paracatu, que recebe desde então produtos arqueológicos provenientes de pesquisas efetuadas nos recursos naturais da região, o que foi classificado por ela como um “resgate” por meio da “salvação” com fotografias, filmes e monitoramento.

De acordo com Jandira, foram identificados na região, entre outros, 21 sítios arqueológicos e o mapa antigo em que constavam os caminhos dos tropeiros entre Minas Gerais e Goiás, documento este de grande relevância para a memória do povo de Paracatu e para a pesquisa histórico-científica. Os trabalhos também propiciaram a catalogação da obra de Benedito Cirilo, um artista naife (sem preparação acadêmica) da região, e a realização de curso de educação patrimonial no Quilombo ou Arraial de São Domingos.

Vários depoimentos sobre a interação do IAB com a comunidade local foram dados na ocasião, a exemplo da Sra. Magna, do quilombo S. Domingos, que disse “O IAB me ensinou e me ensina a amar mais o nosso quilombo”. Já Dario Alegria, Diretor do Museu Histórico e Presidente do Movimento Fala Negra, lembrou a importância do Córrego Rico para o Bairro Paracatuzinho. O arquivista Carlos Lima, também coordenador do Arquivo Público Municipal e este que voz escreve, destacou o seu Projeto de Higienização e Restauração dos documentos do Fundo Tribunal Eclesiástico, datados a partir de 1723, que está sendo executado graças à doação feita pelo IAB no valor de R$ 12.000,00, para a compra de matérias e equipamentos específicos para tal fim. Também deram seus testemunhos acerca do IAB a Dona Luizinha, como é conhecida, que parafraseou sobre a culinária local, a hospitalidade do povo de Paracatu e os seus costumes, o Sr. Antônio (Ioiote), a Sra. Almira, professora na área de artesanato, a servidora municipal da Secretaria de Cultura, Jane Chagas, que desempenhou o papel de pesquisadora no programa AHE Batalha, as professoras Rosilene e Sônia da comunidade do Jambeiro e o garoto Romário (15 anos), do quilombo São Domingos.

Os produtos do Programa de Arqueologia do AHE Batalha foram representados sob a forma de kits com vídeo, cd, jornal e portfólios, que foram entregues a todos os homenageados e participantes.

Presente no evento, o Prefeito de Paracatu, Vasco Praça Filho (Vasquinho), fez questão de destacar que “um país não vive sem educação, e o IAB veio para reforçar a educação imaterial” no município e na região, e “fez mais do que o fruto de um trabalho”. Vasquinho ainda mencionou sua felicidade em ver a cidade crescendo horizontalmente (mais casas, e menos prédios), o que propicia a preservação do Núcleo Histórico, capaz de atrair turistas de Brasília, Belo Horizonte e outras cidades. O prefeito destacou ainda sobre a importância de formar-se uma consciência coletiva sobre a conservação do casario antigo e lembrou do papel do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico (COMPHAP), que fiscaliza inclusive o atos de proprietários que, por exemplo, destelham casas históricas para resultar em sua destruição pela ação das chuvas e outros.

O Grupo Aedos e Violeiros abrilhantou o evento com a interpretação do Hino a Paracatu, composto por Agenor e João Duarte. Em seguida foi aberta a exposição de artesanato, banners, vídeos e comidas típicas da cidade e o encerramento dessa primeira parte do evento aconteceu com um delicioso almoço com frango caipira e outras iguarias da região. A programação continua nesta quarta-feira (2), a partir das 8h00 com Ciclo de palestras sobre Arqueologia às 9h00, Oficina de Educação Patrimonial às 14h00, Palestra sobre Estudo de Patrimônio Imaterial às 15h00. Outras informações podem ser obtidas pelo (38) 3671-1126 ou 3671-4797 ou ainda no site paracatumemoria.wordpress.com

Texto e fotos: Carlos Lima (Arquivista DRT-BA 170)     

Fonte: Site Paracatu Memória (www.paracatumemoria.wordpress.com)