Curso Gratuito de Educação Patrimonial em Maio

 

O Instituto de Arqueologia Brasileira – IAB convida para participação, nos dias 4, 5, 11, 12 e 18 do mês de maio de 2017, no curso “Psicodrama Pedagógico – Um método aplicado à educação patrimonial”. Este compreende uma das atividades do Projeto de arqueologia e educação patrimonial: “A Ocupação Humana na Bacia do Guandu na Baixada Fluminense” e será aplicado gratuitamente.

O Projeto é dirigido para pesquisas nos municípios de Japeri e Seropédica e tem como coroamento uma ampla publicação sobre o patrimônio material e imaterial da Baixada Fluminense. Na oportunidade será lançado um livro bilíngue sobre a arqueologia dessa região acompanhado de um DVD e de uma cartilha elaborada sobre o tema da educação patrimonial.

O curso será dirigido para professores da rede pública e privada;

Agentes culturais;

Estudantes maiores de 18 anos e ligados a atividades culturais.

Funcionários de Secretarias de Cultura e/ou afins.

Demais interessados em educação patrimonial e preservação de patrimônio.

Faça sua inscrição para pré-seleção.

Abaixo, a programação  e Ficha de Inscrição.

   

 

 

PROGRAMAÇÃO DO CURSO

Psicodrama Pedagógico – Um método aplicado a

Educação Patrimonial

 

Aula 1 (dia 04/05) – Introdução aos conceitos de patrimônio natural e cultural, cultura, arqueologia, memória e educação patrimonial, com foco na região da Baixada Fluminense, Bacia do Rio Guandu;

Aula 2 (dia 05/05) –  Metodologias utilizadas no trabalho educativo na área do patrimônio cultural e natural;

Aula 3 e 4 (dias 11 e 12/05) – Desenvolvimento de práticas em oficina, como inventários pedagógicos ou culturais e psicodrama pedagógico; método de aplicação da cartilha e do jogo da memória;

Aula 5 (dia 18/05) – Apresentação dos resultados em práticas desenvolvidas pelos alunos, em um seminário.

Observações:

O curso será ministrado em 5 dias do mês de maio, nos dias: 4, 5, 11, 12 e 18 das 9 às 18 h, com uma hora de intervalo para almoço.

– Local das aulas: dias 04, 05, 11 e 12 – CIEP 155 – Maria Joaquina de Oliveira em Seropédica e dia 18/05 no auditório da Universidade Rural.

– Ofereceremos um coffee break diariamente.

–  A pré-inscrição deverá ser feita até o dia 26/04 pelo site www.arqueologia-iab.com.br ou nas secretarias de Educação e de Cultura de Serópedica e Japeri.

AS INSCRIÇÕES FORAM PRORROGADAS ATÉ AS 12:00 HORAS DO DIA 03 DE MAIO DE 2017.

– Dia 03 de maio, depois das 12 horas, será publicada a seleção dos inscritos. Acompanhe.

                                               ***

Mais informações com Cida Gomes (98636-2213) e Daniela Félix (97619-6458).

 

 

FICHA DE INSCRIÇÃO    (enviar para iab@arqueologia-iab.com.br)

 

Lista dos selecionados para o Curso:

 

  1.        ADRIANO GAMA ALVES
  2.        ALAN HENRIQUE MARQUES DE ABREU
  3.        ALESSANDRO  DA  SILVA   ALMADO  FERREIRA
  4.        ALEX RIBEIRO DA ROCHA GOMES
  5.        ANTÔNIO FIRMINO DA SILVA
  6.        BRUNA CABRAIA DA SILVA
  7.        BRUNA RODRIGUES DOS SANTOS
  8.        CARLOS  ALBERTO  DO  NASCIMENTO  SILVA
  9.        CARLOS ALBERTO ALMEIDA DE SOUZA
  10.    CÁSSIA  CARLA  VIANA
  11.    CÉSAR SELERI BENEVIDES BITTENCOURT
  12.    CÍNTIA  ABRUNHOSA  PINTO SADA
  13.    CRISTIANI  DO  CARMO  SOARES
  14.    DANIELA  DOMENEGHINI
  15.    DANIELA FERREIRA FELIX DE CARVALHO
  16.    EDUARDO  SOARES
  17.    ELISA   PAES   SILVA
  18.    ELTON LUIS DA SILVA ABEL
  19.    EMANUELA DE ALMEIDA RANGEL REIS
  20.    GABRIEL   ANDRADE   MAGALHÃES   DO  VABO
  21.    IRAPUAN DE CARVALHO ALVES
  22.    ISABELLA CARDOSO DE PÁDUO TERRA
  23.    JENIFFER  OLIVEIRA  FERNANDES
  24.    JORDANA  CASTRO  DE OLIVEIRA 
  25.    JOSÉ BATISTA FILHO
  26.    JUANA JÉSSICA LIMA CARDOSO
  27.    KATE HELLEN DE SOUSA BATISTA
  28.    KLEBER MAURÍCIO MONTEIRO
  29.    LÚCIA  ARAÚJO  PEREIRA  DA  SILVA
  30.    LUCIANO  A LICE SANTOS DE OLIVEIRA
  31.    LUIS FERNANDO ARAÚJO DA LAMARC
  32.    MARCELO MENEZES DE MARINS
  33.   MARIA DE LOURDES SILVEIRA  DO NASCIMENTO
  34.    ORLINDIA SAMPAIO DE FREITAS SOUZA
  35.    PAULO  GARCIA  DA  SILVA
  36.    PEDRO VALLE  SOUZA
  37.    PRISCILA  MARCONDES  DA SILVA
  38.    ROBERTA KELLY DE SOUZA PIRES
  39.    SONIA DE OLIVEIRA CASTRO
  40.    TACIANE  CRISTINA  LOPES  P.  ALMADO
  41.    VALÉRIA DE GOVEIA     

 

 

 

 

 

                                                                                                          

 

Ficha de Inscrição para o Projeto Pesquisador Curumim

O Instituto de Arqueologia Brasileira – IAB, instituição com mais de meio século de atividades ininterruptas, localizada em Belford Roxo e atuante nas áreas de ensino, pesquisa e divulgação da arqueologia brasileira torna pública, para os alunos das escolas públicas convidadas, a ficha de inscrição destinada a selecionar candidatos para o Projeto Pesquisador Curumim.

Instruções

1.    Imprima, preencha e assine a ficha de inscrição e entregue à direção de sua unidade escolar.

2.    Observe em sua escola a data limite estipulada para a entrega da mesma.

 

FICHA DE INSCRIÇÃO

 

Sobre o Dia Mundial da água

Sobre o Dia Mundial da Água vimos reproduzir dois artigos que constam na Declaração Universal dos Direitos da Água. Respectivamente, o primeiro e o quinto.

“A água faz parte do patrimônio do planeta.

 Cada continente, cada povo, cada nação,

cada região, cada cidade, cada cidadão

 é plenamente responsável aos olhos de todos”.

 ***

A água não é somente uma herança dos nossos predecessores;

ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores.

 Sua proteção constitui uma necessidade vital,

assim como uma obrigação moral do homem

 para com as gerações presentes e futuras.”

Sediados que somos na Baixada Fluminense um artigo do nosso Diretor-Sociocultural, Professor Gênesis Torres, veio ilustrar a importância dos rios no período colonial da Região.

A Importância Histórica dos Rios da Baixada Fluminense

A expedição de reconhecimento do litoral comandada por Gonçalo Coelho chega à Baía da Guanabara em 1º de Janeiro de 1502. Ao entrar na boca da Baía, imaginava estar o navegador diante de um grande rio e deu nome ao lugar de Rio de Janeiro. Dar nome aos lugares de acordo com o santo do dia ou de um acidente geográfico era uma prática da época. Outros gentílicos foram incorporados com nomes indígenas, de uma planta ou mesmo de um animal.

No período colonial (do séc. XVI ao XVIII) a região sempre dependeu, como meio de locomoção, de seus rios. Sair ou chegar à cidade do Rio de Janeiro, vindo ou indo para o interior, era muito difícil. As trilhas e os caminhos eram de terras alagadas e encharcadas. Era preciso contornar os morros, fugindo das águas paradas e dos rios, que, àquela época eram de grande volume.

As fazendas e pequenas propriedades localizaram-se inicialmente nas margens dos rios Iguassú, Mirity, Sarapuhi, Estrela, Macacu e o Guaxindiba. Nas terras dessas fazendas foram criados os portos de escoamento de seus produtos como a farinha, o feijão, o milho, o arroz, o açúcar, a aguardente, a lenha, os produtos das olarias, e o café, etc.

Muitos portos deram nomes das localidades como conhecemos hoje como: Engenho do Porto em Caxias, Porto da Pavuna em Meriti, Porto Iguassú (origem da Vila do mesmo nome), Porto Estrela (da extinta Vila da Estrela), Porto da Piedade (origem de Magé), Porto do Brejo (hoje Belford Roxo). Nestes portos havia um grande sistema de canoagem e seus proprietários tinham estes serviços feitos por terceiros que lucravam com o transporte dos produtos. Os portos não só eram saídas para o transporte de mercadorias, mas também de passageiros.

Muitos casos ficaram conhecidos como do marinheiro inglês Johan Charing que chegou ao Rio de Janeiro em 1725. Ganhou exclusividade para estabelecer um serviço de canoagem pelo Rio Iguassú até o sítio do Couto na localidade de Xerém. As canoas de Charing eram as preferidas do público por serem mais seguras, eficientes e ligeiras. O inglês viveu em Xerém, criou a sua família de dois casamentos, teve filhos e netos que nasceram na Freguesia do Pilar. O povo humilde formado por escravos, mestiços mamelucos e cafusos, gente com pouco domínio da língua, carinhosamente o chamava de Chérem, desta curruptela a localidade passa- se a chamar Xerém.

Outro importante porto da Baixada foi o do rio Estrela, em Magé. Um dos temas prediletos do pintor Thomas Ender, um Austríaco que chegou ao Brasil em 1817. Também o Alemão Jonhann Moritz Rugendas, que veio para o Brasil em 1821, registrou, em belíssima gravura de 1824, o Porto do Estrela. Na descrição ele se expressa: “a estrada que vai de Porto do Estrella e Minas passa diante de belas plantações, atrás das quais se percebem, ao longe, as pontas angulosas da Serra dos Órgãos”. “(…) Tropeiros com suas mulas chegam às dezenas e diante dessa situação não é de espantar que Porto do Estrella seja a um tempo muito animado e muito industrial. É um lugar de reunião para os homens de todas as províncias do interior; aí se encontra gente de todas as posições sociais e podem-se observar suas vestimentas originais e sua atividade barulhenta. Aí se organizam as caravanas que partem para o interior e somente aí o europeu depara com os verdadeiros costumes do Brasil”.

Porto do Estrella - Rugendas - 1824

Arqueólogos do IAB visitam ruínas de São João Marcos durante Festival Literário

Em 2008 foi realizada pelo Instituto de Arqueologia Brasileira-IAB a avaliação do potencial arqueológico das ruínas da cidade de São João Marcos no Rio de Janeiro. Nos dois anos que se seguiram foram efetuadas escavações pela mesma instituição que conduziu ao evidenciamento de importantes prédios e áreas da cidade, para a instalação de um parque arqueológico e ambiental. Veja aqui os detalhes da pesquisa.

 

Em 2017, portanto sete anos depois, a arqueóloga Jandira Neto, do IAB, participou do concurso de contos, promovido pela administração do parque e a Editora Cidade Viva, para publicação no segundo volume de Contos de São João Marcos. Tendo sido o seu conto “A Igreja que nasceu do Chão” um dos selecionados.

No último sábado, 18 de março, foi realizado o evento Festival Literário de São João Marcos para a apresentação do livro no Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos e contou com a presença dos autores dos contos e seus convidados, e ainda a Senhora Francis Miszputen, Gerente de projetos do Instituto Cidade Viva (instituição que gerencia o parque), Jane Rocha, representante da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Agricultura de Rio Claro e o historiador Francisco Ramalho, ativista cultural e um dos idealizadores para a construção do parque.

O Professor Ondemar Dias e alguns funcionários e amigos do Instituto de Arqueologia Brasileira prestigiaram o evento e emocionaram-se ao reverem as estruturas (muitas já completamente evidenciadas) as quais fizeram ressurgir no passado.

Laboratório Aberto de Arqueologia Urbana e a “Arqueologia de um prêmio”

Foi publicado no dia 11/03/2017 uma matéria sobre a premiação, em âmbito nacional, da arqueóloga Tânia Lima, do Museu Nacional, por seus achados no Cais do Valongo, durante escavações no início das obras de revitalização da Zona Portuária.

Veja aqui a reportagem: http://www.jb.com.br/informe-jb/noticias/2017/03/11/a-arqueologia-de-um-premio/?from_rss=None

Como esta não atualiza as informações, seus leitores desconhecem os desdobramentos dos fatos, por isso, o Instituto de Arqueologia Brasileira-IAB, como citado e em respeito aos interessados, decidiu se pronunciar.

Reproduzimos o último parágrafo da reportagem que se trata da transcrição de parte do documento do MPF que foi elaborado em fevereiro de 2015, portanto antes mesmo que se iniciassem efetivamente as ações para execução do projeto de curadoria realizado posteriormente pelo IAB.

Tendo em vista o constatado ao longo da inspeção, o MPF destacou, por fim, a necessidade do IAB, IPHAN e IRPH oferecerem solução mais apropriada para a salvaguarda do material já catalogado que se encontra nos contêineres e solicitou à representante do IPHAN que incorporasse os itens presentes no termo de cooperação técnica ao termo de ajustamento de conduta que será celebrado com a Prefeitura e o IRPH para assegurar que determinados detalhes técnicos sejam observados até o final do projeto”.

Uma força tarefa foi montada tendo por finalidade proteger, não só os trezentos mil artefatos já catalogados e que se encontravam, além de, nos contêineres acima citados, mas também distribuídos em diversos outros espaços institucionais como IPHAN, Arquivo Nacional, Museu Nacional. E ainda havia aqueles contidos nos mil e oitocentos sacos pretos de lixo por se fazer a curadoria (limpeza, classificação, numeração, categorização e catalogação) do material.

 

O mais impressionante ainda foi peneirar o equivalente a 441m3 de terra, repletos de artefatos, cuja identificação se encontrava profundamente comprometida pelo abandono de dois anos na CASERJ.

 

A árdua tarefa envolveu mais de 30 profissionais do IAB durante os anos de 2015 e de 2016, gerando um Relatório Final que contabilizou a total e incrível cifra de um milhão quatrocentos e setenta e dois mil artefatos para os três sítios registrados no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (CNSA) do IPHAN.

 

Com a candidatura do Sítio Cais do Valongo à Patrimônio Mundial no Brasil, em julho de 2016 novas exigências se impuseram ao acervo: Separar o material correspondente a cada um dos três sítios registrados no IPHAN. Mais um desafio, pois só dispúnhamos da documentação completa de um dos sítios, o do Cais do Valongo.

Pela importância do sítio e a beleza do acervo apresentado ao representante do ICOMOS em setembro de 2016, a visita foi um sucesso.

https://www.facebook.com/pg/instituto.dearqueologiabrasileira/videos/?ref=page_internal 

A saga da arqueologia de um prêmio continua …

Mediante um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) impetrado pelo MPF, uma renovação de contrato do IAB foi proposta para finalização dessas atividades, em novembro de 2016 pelo IRPH. Embora a portaria de autorização para a continuação dos trabalhos tenha sido publicada no D.O.U. em 22/11/2016, com a mudança de administração da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro e os naturais entraves burocráticos, o procedimento para disponibilização de recursos financeiros e a ausência de documentação dos sítios continuam inviabilizando o prosseguimento das atividades para instalação do Laboratório Aberto de Arqueologia Urbana – LAAU e, consequentemente, o acesso do público, ao acervo.

Por enquanto continua nas caixas:

20 Anos sem Darcy Ribeiro – Um Relato Pessoal (Por Ondemar Dias)

Há vinte anos o professor Darcy Ribeiro nos deixou, após uma longa doença que não o impediu de terminar seu livro “O Povo Brasileiro”, um entre os demais que escreveu procurando entender e tornar claras suas idéias a respeito da gente desta terra a qual dedicou o melhor da sua vida. Uma vida que, sem dúvida, o tornou um dos maiores e mais importantes brasileiros que já viveram entre nós.

Claro que semeou antagonismos,  mas que se esfumaçam em contraste com o brilho das suas ações, em especial a respeito da importância da educação e do seu trabalho em relação às comunidades indígenas. Idéias e conceitos que permanecem válidas, ainda que mal aproveitadas ou desperdiçadas ao correr dos anos. Ele se foi… Mas muito do que construiu e mesmo do que pensou se mantém atual.

Uma crônica publicada no Editorial do Jornal “Folha de São Paulo”, Página A2, em “Opiniões” de autoria de Bernardo Mello Franco, no domingo 19 de fevereiro em curso, merece ser transcrita, por sintetizar de maneira magistral (e de forma muito melhor) o que gostaria eu próprio de dizer a seu respeito. Assim achei justo divulgá-la mais, complementando-a com um assunto pessoal que creio ser válido por demonstrar não só a grandeza do cientista, do político ou do educador que foi o Prof. Darcy Ribeiro, mas também por delinear a fineza da pessoa, do ser humano que ele realmente era.

Fui aluno do Professor Darcy Ribeiro em 1959, quando no primeiro ano do Curso de História da Faculdade Nacional de Filosofia, numa das matérias de Introdução a estudos específicos (no caso, à Antropologia) e cheguei mesmo a dizer-lhe do meu interesse pela arqueologia. Tanto ele quanto seu assistente, o Prof. Carlos Moreira me aconselharam a estudar o “Índio vivo”, enquanto ainda existia, mas sina é sina, destino é destino, vontade é vontade e não desisti do meu propósito.

No final dos anos cinqüenta já se discutiam as novas tendências teóricas (algumas nem tão novas assim, afinal), pois até já criticávamos o Histórico Culturalismo, pensávamos no Funcionalismo e se discutia o “Revolucionismo” de  Gordon Childe (de quem ambos os professores demonstravam apreciar).  Esta é uma das razões que até hoje me angustia quando jovens colegas acusam os “velhos” da arqueologia de serem somente  “Evolucionistas”. 

Aliás, um parêntese: Na mesma época a Profa. Maria Yeda Linhares e seus assistentes discutiam a “Nova História” e líamos as idéias da escola dos “Annales”.  E já se sentia, também, a crescente influência das perspectivas estruturalistas na História Social.  E, ao mesmo tempo, emergíamos na história fatual de um lado e na corrente jurídica medievalista de outro. Ou seja, andávamos de “Herodes” para “Pilatos” a cada dia, o que – afinal – hoje parece ter sido muito bom….       

Na época também fazendo parte da Comissão de Redação do Boletim de História dos Alunos da FaNaFi-UB, publiquei meu primeiro trabalho versando sobre os “Polidores Líticos de Cabo Frio”.

Pois foi então que assistindo televisão soube da vinda da Dra. Annette Emperaire ao Paraná para um curso de Arqueologia naquela Universidade Federal. Consegui falar ao telefone com o hoje veterano repórter Léo Batista que de forma muito amiga me deu o número da UFPr. E fui atendido pelo próprio Dr. José Loureiro Fernandes, então Diretor do Centro de Estudos e Pesquisas Arqueológicas que me garantiu a vaga, mas que recomendou ter cartas de apresentação de dois professores para ter direito a Bolsa da CAPES. É que o curso durava três meses seguidos (manhã, tarde, noite e até madrugada!). Aulas em Curitiba; no Museu de Paranaguá; em Antonina (Sambaqui do Toral), na Ilha dos Rosas (sambaqui antigo) e em Manoel Ribas (Caverna do Wobeto). 

Nessa altura, 1962, o Professor Darcy Ribeiro já era Reitor da Universidade de Brasília a quem o Prof. Carlos Moreira, que eu procurara para me dar uma das tais cartas, me recomendou recorrer. Fiquei na dúvida, pois será que ele se recordaria quem eu era, afinal? Quase três anos depois?

Mas como o “não” eu já tinha me aventurei e mandei-lhe a  carta explicando a importância de fazer o curso. Em seguida recebi comunicação da UFPr que a bolsa me havia sido concedida.

Viajei para o Paraná e ao sair do elevador no frio prédio universitário em Curitiba encontrei um senhor a quem perguntei onde ficava o CEPA. Antes de responder ele me perguntou quem eu era e qual não foi minha surpresa quando, ao dizer meu nome, ele me saldou com um: “O protegido do Darcy!” e me deu um afetuoso abraço. Eu me dirigira justamente ao Dr. José Loureiro Fernandes, que estava esperando o elevador do qual eu saltara.

Anos depois meu colega Igor Chmyz, então diretor do CEPA, me mandaria uma fotocópia da carta do Prof. Darcy. Afinal ele não só lembrava quem eu era como deu importância ao meu pedido e arranjara tempo entre suas inúmeras obrigações de Reitor para remeter a carta de apresentação ao Dr. Loureiro, que divulgo abaixo.

Depois, através da Dra. Betty Meggers eu viria a travar amizade e a colaborar com a ex-esposa do Prof.Darcy, a Dra Berta Ribeiro, inclusive na edição da nunca publicada “Summa Arqueológica Brasileira” que completaria sua Summa Etnológica.

Só bem mais tarde quando o Prof Darcy pode retornar do exílio e nos tornamos mais próximos como colegas no IFCS-UFRJ eu pude agradecer-lhe pessoalmente. Afinal, se fiz algo de bom ou meritório para a pesquisa arqueológica em nosso país, sem dúvida, muito devo à confiança que aquele grande brasileiro depositou no meu futuro.

 

 

IFRJ Visita o IAB e Propõe Parceria Educativa

Estiveram em nossa sede, hoje, 09 de fevereiro de 2017 o Diretor de Implantação do Campus de Belford Roxo, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro – IFRJ, Fábio Soares da Silva, juntamente com um grupo de professores dos cursos desenvolvidos pela instituição. O campus é “destinado à oferta de cursos de Formação Inicial e Continuada de Trabalhadores, Educação Profissional Técnica em Nível Médio e Educação Superior, com possibilidade de ênfase em áreas relacionadas à indústria criativa – sobretudo no segmento produtivo da moda, vestuarista, calçadista, de acessórios, moveleiro, urbanístico – e à infraestrutura urbana – ênfase em mobilidade e urbanismo metropolitano; bem como, formação de professores/as, potencialmente para a área de artes”.

O objetivo da visita foi o de inteirar-se da importância do Instituto de Arqueologia Brasileira-IAB como referência cultural da cidade, bem como discutir a possibilidade de em futuro breve realizar uma parceria com o IAB, através de convênio para posteriores ações socioeducativas.

Recebidos pelo Professor Ondemar Dias, Jandira Neto e equipe, foram apresentados aos espaços do IAB.

Ao final da visita, munidos de material de divulgação da arqueologia brasileira e bastante impressionados com a estrutura do IAB, considerando especialmente a região da cidade em que se localiza, se dispuseram a difundi-lo em reuniões próximas com autoridades recém-empossadas em novos mandatos; o que agradecemos muitíssimo pelo apoio e bastante entusiasmados com a possibilidade de sucesso de mais essa associação, somando aos nossos incansáveis esforços na sempre prazerosa atividade de conscientização para preservação deste fabuloso acervo do Povo Brasileiro.

Educação Patrimonial do Programa de Pesquisas Arqueológicas Estação Conde de Araruama em Quissamã- RJ

 

Educação Patrimonial

 

A Educação Patrimonial do referido Programa, ainda que ausente em termos contratuais, foi desenvolvida por um dos princípios que norteiam as realizações do Instituto de Arqueologia Brasileira – IAB, envolvendo a ideia de participação de todos os integrantes do Programa, desde os auxiliares de campo, agentes diretos e ativos no processo, à comunidade da área pesquisada.

O IPHAN define Educação Patrimonial no manual de atividades práticas como “o processo permanente e sistemático de trabalho educativo, que tem como ponto de partida e centro o Patrimônio Cultural com todas as suas manifestações”.

Partindo deste princípio, as atividades de educação patrimonial desenvolvidas pelo Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB), além dos métodos convencionais, utilizam a metodologia do Psicodrama Pedagógico para permitir que os resultados dessas ações obtenham melhor aproveitamento através da aplicação de suas técnicas específicas. Nessa forma de abordagem o sujeito se apropria da informação através da possibilidade de experenciar sensorialmente o objeto patrimonial pelo contato direto com o mesmo. É dito a ele abertamente do que se trata e que ele deve experimentar descobrir de modo pessoal o que o artefato/objeto patrimonial pode vir a significar para ele no futuro. O que fica após o experimento é então registrado. Parte-se da premissa de que educar patrimonialmente é ajudar a descobrir dentro de si conexões na memória e na identidade do sujeito de modo a lhe possibilitar descobrir tudo o que possa vir a lhe ser importante e significativo a ponto de ser sensibilizado a preservar o bem patrimonial para o futuro.

A base fundamental da educação patrimonial, neste caso, consiste em levar o individuo ao contato sensorial através de seus sentidos com o objeto patrimonial, a despeito do discurso formal. O Método Psicodramático, oriundo da teoria socioeconômica de Jacob Levy Moreno e adaptada por Neto (2006) consiste na aplicação de técnicas psicodramáticas diversas (geralmente criadas especificamente para o projeto), tomando-se por base as quatro etapas fundamentais do método. São elas: aquecimento inespecífico, aquecimento específico, dramatização e compartilhamento. Durante estas etapas os participantes, orientados pelos especialistas, são inseridos na temática cultural, recebendo e transmitindo informações de extrema importância para os resultados.

Além de Convite enviado à Fundação Municipal de Cultura e Lazer de Quissamã para divulgação no local, exposição de slides com fotos antigas da área, distribuição de material gráfico (cartilhas) e palestra sobre arqueologia e patrimônio cultural e Oficina Peneiras de Ciência com mostra de materiais arqueológicos, sem procedência, destinados a esse fim, foram os recursos utilizados para as ações socioeducativas.

O Encontro de Educação Patrimonial ocorreu no dia 27 de abril de 2012 no Armazém Ribeiro & Filhos, prédio vizinho à Estação Conde de Araruama. Teve como objetivo resgatar a história local através dos moradores da Vila de Conde de Araruama, no entorno da Estação, bem como sensibilizá-los para a reflexão sobre a importância histórica do local onde residem, para sua participação na preservação do patrimônio histórico e sobre a pesquisa arqueológica que seria realizada na Estação.

O público alvo, que seria formado pelos trabalhadores locais contratados para comporem a equipe de arqueologia, e seus familiares, bem como funcionários da Fundação de Cultura de Quissamã e convidados, foi contemplado com duas turmas de estudantes do ensino fundamental da Escola Municipal Conde de Araruama, tornando as atividades ainda mais estimulantes.

Assim foi dado o início das práticas educativas.

A atividade física escolhida para o aquecimento inespecífico foi Andar de Trem, e contou com a participação entusiasmada de todos.

A Palestra sobre Arqueologia e Patrimônio Cultural foi apresentada pela equipe de Educação Patrimonial do IAB inicialmente definindo a arqueologia e sua contribuição para o resgate e formação da identidade de um Povo. Foi apresentado um resumo do histórico do local e da importância da Estação Ferroviária para a economia do município. As fotos antigas da Estação encantaram os presentes, promovendo imediato burburinho com histórias de seus antepassados.

A seguir os participantes foram convidados a conhecer o material arqueológico no espaço designado para a Oficina Peneiras de Ciência, onde são expostos diversos tipos de materiais comumente encontrados em sítios arqueológicos, e o público foi convidado a interagir com as peças dispostas nas peneiras.

Ficamos bastante satisfeitos com o grau de interesse dos participantes em tudo o que foi demonstrado e acreditamos termos plantado a sementinha da consciência de preservação de mais esse patrimônio que com a continuação do Projeto da Prefeitura/Iphan trará ainda mais orgulho para a comunidade que o detém.

Educação Patrimonial do Projeto de Prospecção Arqueológica em área para a sede da Reserva Ecológica Estadual da Juatinga

 

Se a pesquisa de campo de 2011 no terreno próximo ao sítio resultou em muitos poucos dados de interesse arqueológico a não ser por confirmar que na área não restam evidências sobre a existência de vestígios do sítio arqueológico existente em suas proximidades – como pode ser verificado pelo Projeto de Pesquisas Interventivas – as práticas relativas à educação patrimonial, gestão de patrimônio e divulgação da importância do sítio Complexo das Ruínas do Engenho de Paraty Mirim constituíram-se elementos de fundamental importância para o futuro de projetos pertinentes a esse patrimônio.

Uma reabordagem correspondente à verificação do estado de preservação daquele conjunto arquitetônico foi então prevista como parte integrante deste Projeto de Prospecção, mas frente à situação conflituosa pré-existente na região tendo como foco justamente aquele Parque, tornou-se imperioso dirigir as atividades e energias disponíveis naquela direção. O objetivo era buscar evidenciar a importância do sítio Complexo das Ruínas do Engenho de Paraty Mirim e buscar algum consenso dos grupos de interesse em torno deste.

Em 2011 o problema das disputas girava em torno da ocupação das terras ao redor do parque arqueológico; das diversas pretensões dos diversos atores sociais de também diversas origens e do uso atual e futuro daquele espaço para atender a seus interesses.

Ainda que esses conflitos jazessem latentes desde a primeira oportunidade em que ali atuamos, nada se caracterizara, ainda, com a potência energética por nós encontrada em 2014.

Os problemas se encontravam mais configurados agora do que em 2011. Em outubro de 2014 quando visitamos o local buscando conhecer o espaço para melhor preparar a logística do Projeto agora em execução, o quadro tenso se configurou já na visita preliminar em companhia do representante do INEA e do IPHAN, quando visitamos o local e renovamos os contatos com o Sr. Jesus Pinto, principal posseiro da localidade.

Frente ao volume de energia belicosa, o projeto original de Educação Patrimonial gradualmente foi se tornando distanciado da realidade. Dele emergiu então um novo modelo que ao ser posto em ação mostrou-se válido e provocou resultados iniciais encorajadores. A ideia era estabelecer novas bases para a discussão do problema através da Educação Patrimonial, englobando a diversidade de posições em torno de uma causa ou ideal comum. Por exemplo: quem pretendia cuidar da gestão do sítio arqueológico que se encontra em estado de arruinamento? IPHAN? ICMBio? INEA? Comunidades? Prefeitura?

Impedimentos de acesso ao local da pesquisa, pousada e pessoal para trabalhar no campo nos colocaram um desafio ainda maior para, através da educação patrimonial, amenizar os sentimentos reativos à construção da sede no terreno ocupado pelo posseiro, Sr. Jesus Pinto.

Chegando ao local das escavações e onde se daria o diálogo com os moradores da comunidade através da educação patrimonial soubemos que (por três vezes e em dias consecutivos) estava impedida a entrada da equipe, desautorizando a Portaria do Iphan que determinava a pesquisa.

 

Depois de diversas ações e uma vez resolvida a questão legal para acesso ao sítio, a equipe contratada no local foi treinada para as atividades de campo e participou de oficina de Educação Patrimonial como processo obrigatório do IAB  para todos os seus funcionários.

 

Assim sendo colocamos em prática outras possibilidades para fazer acontecer a Educação Patrimonial.

Iniciamos nossas atividades realizando uma visita à escola local  convidando a Professora Delma para levar os alunos para conhecerem o sítio. Estando de acordo disse depender da autorização da Secretaria de Educação de Paraty. Sentimos não termos podido conscientizar os estudantes a importância do belíssimo patrimônio, pois não compareceram na data prevista nem nos dias subsequentes até o final do Projeto.

Com banners focalizando o Complexo das Ruínas do Engenho de Paraty Mirim e demais recursos educativos organizamos a montagem da Educação Patrimonial no local mesmo das escavações. No caso foram disponibilizadas duas coleções de material; uma resgatada no sítio escavado e a outra sem procedência oriunda do acervo da oficina de EP do IAB. O material encontrado no Sítio do Jesus, não foi considerado arqueológico.

 

As coleções foram apresentadas no modelo de Oficina denominada “Peneiras de Ciência”. Estas propunham o manuseio do material de modo a ser “sentido” pelo visitante objetivando o “contato direto” com o objeto e sua consequente ressignificação

Na composição desta oficina foram acrescentados cinco banners relativos a plantas e imagens do sítio Complexo das Ruínas do Engenho de Paraty Mirim.

O intuito foi relacionar a pesquisa atual com a pesquisa anterior realizado no sítio supracitado. Como já vinha sendo evidenciado o material resgatado é constituído de lixo comum e aterro, de forma que o local não se caracteriza como sítio arqueológico.

Divulgadas entre os moradores que tínhamos acesso, iniciamos as atividades com os visitantes que se aproximaram do sítio, os quais recebiam as devidas orientações sobre a exposição em banners e do material localizado no sítio, assim como da outra peneira com material arqueológico, representando a evolução genética e cultural do povo brasileiro.

 

Também a Oficina “Retratos do Passado” fez sucesso entre adultos e crianças que gostaram da ideia de se imaginarem como antigos moradores do engenho de Paraty Mirim.

 

Os visitantes também foram convidados a visitar as escavações.

As Oficinas permaneceram funcionando até o último dia das pesquisas de campo, com a visita de moradores e turistas.

Neste período tivemos uma ótima reunião com o Iphan, a Prefeitura e o Inea para tentarmos definir rumos para a restauração e preservação do sítio Complexo de Ruínas de Paraty Mirim. Nada ainda definido, mas com boas ideias amadurecendo.